Aloprado: louco, irresponsável, criminoso

“Dei uma aloprada”

Bolsonaro explica suas falas durante a pandemia, três anos e meio de governo. Assim, de modo singelo, espontâneo, franco e irresponsável. Explicado, perdoado, absolvido. Aloprado é doente mental, temporário ou definitivo. Portanto, é inimputável, diante da lei não pode ser punido, cumprir pena. No máximo, caso o juiz determine, ser confinado a manicômio judiciário, a prisão para infratores com doença mental. Um exemplo apenas: Adélio Bispo, o homem que o atacou com faca durante a campanha, foi aloprado naquele momento. Não recebeu pena de prisão, está confinado em estabelecimento para doentes perigosos. O laudo médico diz que Adélio continua aloprado, e portanto, continua detido. Bolsonaro quer fazer crer que foi aloprado só nas palavras, como se estas desaparecessem com a mais leve brisa. No auge da campanha, ele dirá que não é imbrochável, apenas deu uma aloprada com a distinta primeira dama.

Como sempre, não foi sincero; melhor, foi o mentiroso de sempre, pois um presidente não governa apenas com palavras, também governa com ação e inação. Durante a pandemia, Bolsonaro foi um inerte ativo, pois sua inércia impedia e bloqueava ações dos ministros da Saúde. Ou seja, foi o aloprado comissivo, como diz a lei, aquele cuja omissão impede ações decisivas, sendo por isso ações por omissão. Bolsonaro explica que só falou errado, com a pureza da criança que mente para a mãe. Fica nisso, o resto não é com ele, como se suas palavras fossem inócuas; não estimularam o negacionismo da pandemia e as terapias inadequadas que aumentaram exponencialmente a estatística de mortes. Como foi eleito com a ajuda do outro aloprado, não está no manicômio judiciário; mantém-se, quem sabe reeleito, o comandante-chefe, autoridade maior do manicômio que dirige, no qual internou milhões de brasileiros.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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