Alta no hospício

JOÃO GOULART caiu em 1964 quando, como presidente, compareceu ao comício da Central do Brasil, no qual defendeu as “reformas de base”. Sofreu protestos de donas-de-casa no Rio de Janeiro batendo panelas ao exigir sua deposição do governo. Os militares derrubaram-no com o golpe de 31 de março de 1964.

JAIR BOLSONARO foi ontem a comício na frente do quartel-general do Exército, em Brasília. Seus apoiadores exigiam a volta do AI-5 e da ditadura militar. Ele sabia do comício e os militares também: seus generais do gabinete não o dissuadiram e o comandante do quartel não dispersou os manifestantes.

O PRESIDENTE de hoje e o presidente de 1964 estimularam, um, a mudança, outro, a ruptura institucional. Goulart, pela atuação do Congresso; Bolsonaro, contra o Congresso, fechando-o manu militari. Um consolo aos inconsequentes e aos passivos, desta vez o vírus chegará antes das torturas e das execuções clandestinas. Aberto e democrático.

DE NOVO a história do Brasil acena com a repetição, sempre como tragédia. Será a terceira. Tivemos os Golpes de 30, de 37 e o de 1964. Hoje o caudilho do dia nos conduz à de 2020. Quem estudou o primeiro golpe e viveu o segundo, almeja apenas sobreviver ao coronavírus. Já que a tragédia é inevitável, se puder, concede-se alta no Hospício Brasil.em 1964 quando, como presidente, compareceu ao comício da Central do Brasil, no qual defendeu as “reformas de base”. Sofreu protestos de donas-de-casa no Rio de Janeiro batendo panelas ao exigir sua deposição do governo. Os militares derrubaram-no com o golpe de 31 de março de 1964.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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