Mais velho, mais igual

O senador Álvaro Dias agarra-se a Jair Bolsonaro, o rabo de cometa acessível. Não apoia Lula na eleição, porém irá apoiar, caso o petista seja eleito. Álvaro insiste: é o radical da governabilidade, um Ricardo Barros de peruca, quatro pés e dois corações vermelhos de fisiologia. O cirurgião geral esclarece que não é convicção, que Álvaro só tem uma, ele, sempre ele.

Nosso senador provecto e vitalício apoia qualquer presidente, como o náufrago que se agarra à boia salva-vidas. Na semana, disse que não fez oposição a Bolsonaro; preferiu silenciar para auxiliar o presidente no combate à pandemia. Recolheu-se ao silêncio obsequioso, cúmplice e omisso, recolhido em casa, mascarado contra o covid. Álvaro é o surdo mudo que não usa sinais.

Bolsonaro ingrato não aceitou Álvaro no selim da motociata. Álvaro cobrou e foi desdenhado, punhalada em seu ego que ocupa três cadeiras no Senado. Álvaro não muda; ele é velho e o tempo faz os velhos mais iguais a si mesmos. Álvaro está mais igual; o tempo não o fez melhor nem pior; ele se conserva inteiro, a alma,  como a pele e os cabelos, preservada a creme nívea e monoxidil.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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