Luiz Rebinski estreia na ficção com um romance urbano que reinventa a imigração polonesa no Paraná

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Em Um pouco mais ao sul, o escritor paranaense investe na linguagem e no humor para discutir questões como pertencimento, migração e relações afetivas em um mundo fragmentado e caótico

O jornalista Luiz Rebinski, editor do jornal Cândido, acaba de lançar o romance Um pouco mais ao sul, que marca a sua estreia na ficção. A noite de autógrafos será no Bar Ornitorrinco (R. Benjamin Constant, 400, em Curitiba), dia 19 de novembro, a partir das 18h30. O livro custa R$ 30. A entrada é franca. Às 19h, o cantor e compositor Fábio Elias faz uma apresentação especial, incluindo canções de sua banda Relespública, de sua carreira solo e clássicos do rock’n’roll, de Raul Seixas a The Who.

Um pouco mais ao sul tem na linguagem um de seus pontos altos. A narrativa ágil recria expressões da oralidade, incluindo termos chulos e diálogos precisos, ao mesmo tempo em que investe no humor para discutir questões como pertencimento, culpa, migração e relações afetivas. Outro destaque do romance são os personagens que não se enquadram nas convenções sociais — uma alusão sutil, mas certeira ao mal-estar do mundo contemporâneo.

Os irmãos Noia (um viciado em crack que acredita ser imune aos efeitos maléficos das drogas pesadas), Vlad (burguês bem comportado acossado pela mulher) e Inácio (produtor de filmes pornográficos que se compara aos cineastas da Nouvelle Vague) ficaram dez anos sem se falar. O reencontro, no tempo presente, não será festivo. Pelo contrário, a reunião dos irmãos se transformará em uma aventura perigosa pelo lado escuro e selvagem do underground curitibano — com direito a uma descida aos esgotos do rio Ivo, no centro da cidade.

Em uma narrativa paralela, lá pelos anos 1930, em um lugarejo da Polônia, desenrola-se a história de outros dois personagens igualmente picarescos. Os amigos Baza e Volk traçam planos para sair da miséria em que vivem em sua aldeia. O principal deles é irem para um país onde, crê-se, todos os sonhos podem se realizar. Esse país é o Brasil. Um lugar edênico, em que todos andam nus, as indiazinhas oferecem cachos de uva na boca dos aventureiros, e plantar maconha pode ser a garantia do futuro.

“Por aí se vê que este primeiro livro do paranaense Luiz Rebinski não foi escrito apenas como um simples divertissement. Há por trás das ações de Noia e Vlad, e de Volk e Baza, uma crítica à visão que se tem do nosso país — tanto de quem vem de fora como de quem mora aqui. Mais veladamente, há uma crítica de que muitos não vão gostar: a colonização polonesa no Paraná”, diz escritor Antonio Carlos Viana na orelha do romance.

Viana, um dos principais nomes do conto contemporâneo, faleceu no dia 15 outubro sem ver o livro impresso. Em outro trecho do texto, Viana ainda lembra que Um pouco mais ao sul traz, em sua essência, parentesco com o célebre Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade, e o clássico moderno Pornopopeia, de Reinaldo Moraes.

Contemporâneo, urbano e visceral, Um pouco mais ao sul apresenta uma nova e consciente voz literária que deve impactar o meio literário brasileiro. Luiz Rebinski faz a sua estreia na ficção com uma narrativa contundente que, devido à verdade e à sua inegável força, fica gravada para sempre na memória dos leitores. Uma experiência única, para gargalhar e refletir sobre os impasses e as impossibilidades deste mundo.

Autor

Luiz Rebinski nasceu em União da Vitória, no extremo sul do Paraná, em 1979. Desde os anos 1990 vive em Curitiba, onde trabalha como jornalista. Há dez anos atua como repórter cultural, cobrindo principalmente a cena literária. Atualmente é editor do jornal literário Cândido. Um pouco mais ao sul é seu primeiro romance.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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