Quatro homens que dedicaram a vida a Frank Sinatra
Cada um escolhe a quem dedica a vida, e conheci no Rio três pessoas que dedicaram grande parte dela a Frank Sinatra. Um deles, Flavio Ramos. Em 1939, ele tinha 12 anos e escutou um 78 rpm da big band de Harry James, “All or Nothing at All”, com o novo crooner Frank Sinatra. Ali Flavio decidiu que viveria em função de Sinatra ou em torno dele. Em 1962, sua boate Bon Gourmet, em Copacabana, acolheu por 40 noites o maior show da história da bossa nova: “O Encontro”, com João Gilberto, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e Os Cariocas. E, em 1980, Flavio apertou a mão de Sinatra no camarim deste, no Maracanã.
Um amigo de infância de Flavio ouviu com ele o 78 de Sinatra: Ronaldo Bôscoli, no futuro um dos pais da bossa nova. Flavio chamou-o a acompanhá-lo ao camarim de Sinatra no Maracanã, mas Ronaldo tremeu e não foi. Ronaldo ficaria famoso também como namorador, embora dissesse: “Gosto mais de Frank Sinatra do que de mulher”. Sabendo disso, a então sra. Bôscoli, Elis Regina, vingou-se de suas escapadas jogando seus LPs de Sinatra no mar.
E Roberto Quartin, produtor musical, foi um dos grandes colecionadores de Sinatra no mundo. Seu acervo incluía edições alternativas de LPs, prensadas, digamos, em Honolulu, com diferenças que só outro colecionador identificaria. E Roberto conheceu Sinatra, que o autorizou a copiar a íntegra das fitas originais de seus LPs na Capitol, com tudo o que não saiu nas versões finais.
Mas nenhum deles supera o radialista americano Sid Mark. Ele também se apaixonou pelo cantor em criança e, durante 43 anos, desde 1979, apresentou quatro programas semanais dedicados a Sinatra em emissoras de Filadélfia. Isso significa 8.600 programas. Quando Sinatra o via na plateia de seus shows, apontava-o e dizia ao microfone: “Eu amo esse cara!”.
Sid Mark morreu há duas semanas, aos 88 anos, feliz, na ativa e provando que o amor eterno existe.