Os Anonymous são o novo Anarquismo – sem bombas, mas sempre infernizando a vida dos arquiduques. Uma multidão espontânea, não-coordenada, sem líderes; na verdade são um conjunto de subgrupos de hackers e agitadores, que agem cada qual por conta própria e mandam a conta ser cobrada à griffe. Num artigo na revista “Wired” de julho Quinn Norton analisa esse aspecto sem-forma do movimento. Em junho de 2011 o FBI prendeu e cooptou “Sabu”, um ativista de intensa participação; até que isto foi revelado em março de 2012, “Sabu” entregou uma infinidade de companheiros. Isto quebrou a espinha do movimento? De jeito nenhum. Nos Anonymous, nenhum indivíduo é insubstituível. Conan Doyle dizia que nenhuma corrente é mais forte do que o mais fraco dos seus elos. Os Anonymous parecem ser uma corrente que só pode ser quebrada se todos os seus elos o forem, simultaneamente.
Quinn Norton comenta que o grupo é uma “do-ocracy”, uma “fazer-cracia”, onde tudo converge para ações específicas: “indivíduos propõem ações, outros se juntam a eles ou não, e depois a bandeira dos Anonymous é hasteada sobre o resultado. Não há ninguém para dar a permissão, nenhuma promessa de louvor ou de crédito, portanto cada ação deve ser sua própria recompensa”. É um anarquismo eletrônico, sem líderes, não hierárquico, não vertical. Ordens são dadas e obedecidas dependendo do contexto – quem obedece hoje pode estar mandando amanhã e obedecendo de novo no mês que vem. Uma combinação de brodagem com ativismo. Até hoje, quem entrava na política o fazia via política estudantil ou política sindical, até chegar na política partidária. Agora há uma geração inteira na faixa dos 15-20 anos que entra na política pela via do anarquismo eletrônico. Sei que nada será como antes, amanhã.