Tais jovens representam como que uma área de descontração e frescor que reverbera em diversas questões da arte – pintura, escultura, objetos, cor e luz – e nos incitam a ver com um novo olhar estes recentes percursos.
Pertencem à nova geração de artistas advindos da pesquisa, com formação e inteirados nas mais diversas experiências, com técnica às quais não faltam o fazer artesanal e o laboratório do ateliê. Tudo convergindo para um pensamento crítico que inclui a técnica e a apropriação tecnológica.
Com isso buscamos estimular novas possibilidades de leitura para o visitante, oferecendo um frescor verdadeiro e uma agressão poética corajosa que privilegia a criatividade pensada e questionada de olhar e refletir sobre a relação com o mundo e a compreensão da experiência estética.
A mostra não apresenta uma temática, mas sim a liberdade de cada poética. Não houve escolha por afinidades, muito pelo contrário – prevalecem os opostos, as diferenças e singularidades, que passeiam pelas diversas formas de expressão, da parede aos artifícios do tridimensional.
Para o novo olhar concorrem as escolhas na transformação da linguagem, a nova conquista do espaço, a liberdade dos grandes formatos da nova pintura urbana, os objetos preciosos, pintura e escultura ‘macias’, trabalhos com malhas de plásticos, crânios, compondo momentos de luminosidade em que a luz/cor vem de experiências tecnológicas e de “metamorfose”… ideias em fluxo reverberante. Os variados materiais, como o papel (em “vazios imaginários”), e pipas (em pinturas que rebatem a cor) e mesmo experiências tridimensionais (de “móveis paisagens” de isopor com tinta industrial), do fazer das alegorias dos carros de carnaval e “em expansões da pintura” ajudam a enriquecer nossos conceitos sobre a arte de hoje. São momentos fugidios, nos quais o tempo é transformação, e estão carregados de memórias de infância e do cotidiano na experimentação de novos suportes em limites fluidos.
Os artistas Alexandre Mazza, Bruno Miguel, Caroline Martinez, Gabriela Maciel, Marcelo Jácome, Maria Lynch e Noé Klabin, todos na faixa de 30 anos, vêm desenvolvendo, nos últimos anos, suas poéticas corajosas, ultrapassando códigos e conceitos da contemporaneidade e, por isso, têm sido reconhecidos pelo circuito institucional, com trabalhos instigantes. Eles criam um mundo sem limites e sem fronteiras flexíveis no fazer, no pensar, no criar. Assim, a mostra é um convite instigante à descontração e ao surpreendente.
Cristina Burlamaqui, abril de 2012