Suas descendentes continuam em guerra, agora com motosserras de um lado e ambientalistas do outro. – Esta árvore é minha para gerar empregos. – Não, ela vai fixar carbono!
Conseguimos quase acabar com a escravatura humana, rodeios e touradas estão no mesmo caminho, mas ainda estamos longe das árvores. Estaria pirateando a frase imexível do ex-ministro se dissesse que árvore também é ser humano, mas este é o recado deste livro. Daqui para frente elas estarão em melhor companhia com o traço doce e humorado do Orlando do que estiveram com guerreiros, mercadores, cientistas e engenheiros. Quem sabe não é disto que precisam ? E falando nisto, o prefácio de que este livro precisa já foi escrito há mais de meio século:
“Essa árvore de certo modo incorporada aos bens pessoais, algum fios elétricos lhe atravessam a fronde, sem que a molestem, e a luz crua do projetor, a dois passos, a impediria talvez de dormir, se ela fosse mais nova. As terças, pela manhã, o feirante nela encosta sua barraca, e ao entardecer, cada dia, garotos procuram subir-lhe pelo tronco. Nenhum desses incômodos lhe afeta a placidez de árvore madura e magra, que já viu muita chuva, muito cortejo de casamento, muitos enterros, e serve há longos anos à necessidade de sombra que têm os amantes de rua, e mesmo a outras precisões de cãezinhos transeuntes.” Carlos Drummond de Andrade, Fala, Amendoeira, 195)
Efraim Rodrigues, Ph.D. em árvores
Árvres, de Orlando Pedroso, 72 páginas, 62 desenhos impressos em papel chamois, 120 gramas, lançado dia 7 último no bar Genial, Vila Madalena, São Paulo. Escreva para fantasmaeditora@uol.com.br e encomende o seu exemplar agora mesmo. Bah! Solda
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