Ary Fontoura

Foto O Globo.

Até as revistas para adolescentes e que dão na capa o mais recente bonitinho da TV, estampam os 40 anos de carreira de nosso irmão, conterrâneo, amigo de toda vida e desde sempre – e um dos mais importantes atores da cena brasileira do século XX -, o nunca assaz louvado Ary Fontoura. Sim, com “y”, senhores, que é como ele gosta que o escrevam e comemorem!

Junto-me aqui, nessas maltraçadas domingueiras, ao rumor que vai do Fantástico ao Video Show, campeões de audiência, além dos cadernos de variedade, de todo o Brasil, para dizer, alto e bom som, antes de mais nada, que o Ary é nosso! Condenem-me o paranismo quem fôr de condenar paranismos e curitibanismos, mas, insisto, se mais não fosse, leitor, Ary Fontoura é nosso! Nascido, há 75 anos, no Alto da XV, aquele tempo em que nascíamos (e também morríamos) em casa.

Das “pontas”, no início da TV, em que aparecia nas novelas em branco e preto da Globo, as lacrimosas Véu de Noiva e Rosa Rebelde, à explosão ibopeana do teledrama em curso, A favorita, na pele do impagável Silveirinha, Ary Fontoura continua a se misturar com a gente.

Ele já é um pouco – ou muito – da cara do Brasil, como Roberto Carlos, Tarcísio Meira, Pelé, Jô Soares, Regina Duarte. Revi, esses dias, o vídeo de Pablito Pereira, Pinheiros & Precipícios, sobre texto da lavra deste vosso incurável escriba, em que Ary Fontoura interpreta, emocionado, entre Peter Sellers e John Guilguld, os farrapos que nos viajam a Campina do Siqueira, às três horas da madrugada em Curitiba. E me veio então (viu, Josely Vianna Baptista, “hada” amada?), a vaidade de que só isso já valeu ter escolhido um dia lidar com palavras como quem equilibra, na palma da mão, um ninho de escorpiões vivos…

Olho lá longe: no apartamentinho da Barão de Ipanema, em Copacabana, tão mínimo, o tampo de refeições, preso à parede, descia para abrigar, em toalhas de linho, as suntuosas saladas de aspargo de Ary Fontoura. A melhor louça “inglesa” da rua da Alfândega… Éramos quase sempre quatro à mesa: Marco Nanini, Nestor Montmar, Ary e este vosso conviva.

Olhar lá longe nem sempre é melancólico, sobretudo se a gente olha e vê, por exemplo, o mais assombroso personagem que Ary construiu nos palcos – o antológico Lorde Bundinha, da não menos antológica Rasga Coração, de Oduvaldo Vianna Filho.

A pré-estréia nacional foi no Guairinha, em 1979, aquele tempo em que aconteciam pré-estréias nacionais em Curitiba… Com ou sem “y” o importante, repito, é que Ary Fontoura, além de ser a cara do Brasil, é nosso, como o pinheiro, Helena Kolody, Paulo Leminski Filho e
Dalton Jérson Trevisan. Uebas!

Wilson Bueno (19/10/2008) O Estado do Paraná.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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