As ditaduras e o fascínio pelo mar

Ruth Bolognese – Contraponto

Um velho marinheiro de boa memória lembra um fato histórico interessante e auto-explicativo: uma das formas de assassinar e desaparecer com opositores ao regime no Chile de Pinochet e na Argentina da ditadura militar era jogá-los no mar.

A conversa de áudio gravada por pilotos de avião que usavam a frequência do voo da caravana aérea que trazia o ex-presidente Lula para Curitiba, com a frase “joga esse lixo pela janela”, relembra esses tempos de absoluta repressão e crimes contra a opção política à esquerda em vários países da América Latina.

Existem rumores, nunca comprovados, por exemplo, que pelo menos um dos desaparecidos mais conhecidos na ditadura, o deputado Marcelo Rubens Paiva, morreu e desapareceu dessa forma.

No Chile, uma conversa entre o general Pinochet e o general Leigh, da Força Aérea, teve a seguinte recomendação: oferece a ele saída de avião para o exterior e joga o cara no mar”.

Na ditadura argentina, sob o comando do general Videla, tornou-se regra levar de avião e lançar ao mar os opositores do regime.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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