As melhores festas (possíveis) da quarentena

Trancados em casa, só nos resta é curtir festas de seriados

Já que não sabemos quando e como poderemos ir a um bom rega-bofe, o que nos resta é curtir as festas de alguns dos melhores seriados das plataformas de streaming.

Na minissérie “Todas as Mulheres do Mundo” (Globoplay), inspirada na obra de Domingos Oliveira, o excelente ator (e gatíssimo) Emílio Dantas faz o protagonista Paulo, um amante compulsivo e serial. O delicioso galanteador – fiquei pensando o que as feministas acharam dessa série – está sempre dando festinhas em casa ou indo a jantares e shows. O primeiro episódio começa em uma animada baderna de Ano Novo na qual ele conhece Maria Alice (Sophie Charlotte), que virá a ser seu grande amor.

Ainda na Globoplay, “Catástrofe” é um bom seriado de casal, com ótimos diálogos e um roteiro frenético. No primeiro episódio, eles se conhecem em um bar cheio de gente. Dá uma saudade danada de conhecer pessoas em lugares lotados.

Em “Mrs. Fletcher” (HBO), a protagonista Eve é uma mãe de 45 anos que se vê perdida e sozinha depois que o filho único babaca vai para a faculdade. Ela cria então dois hobbies: um curso de escrita criativa e muita pornografia quando está em casa. O seriado tem duas boas festas: uma de “body positivity” (estão todos meio pelados) a que o adolescente Brendan, filho de Eve, vai acompanhado de uma garota bem bacana; e uma que a sua mãe organiza em casa para os colegas de classe. Essa última promete ser a mais chata do ano, mas é um dos melhores finais de temporada de todos os tempos. Uma pena que a série talvez não volte.

Quem me lê sabe que “Succession” (HBO) é o meu seriado preferido. Nele acompanhamos a disputa de poder entre os filhos de Logan Roy, dono de um dos maiores conglomerados de mídia e entretenimento do mundo. Eu não lembro de já ter visto um roteiro mais primoroso. O nono episódio da primeira temporada traz uma despedida de solteiro para Tom, o genro bobalhão e deslumbrado. A folia nada mais é do que um espaço “seguro” para ricos transarem à vontade. Uma espécie de “De Olhos Bem Fechados” mais cínico e menos sexy.

“Euphoria” (HBO) é toda uma festa com músicas incríveis e cores tão vivas que pensamos estar tão drogados quanto eles. Sim, todos estão bastante deprimidos e loucos e talvez se matem, mas, para quem está no sofá assistindo, vale a viagem.

Ainda na HBO, “My Brilliant Friend” é uma das mais emocionantes e bem dirigidas do canal. O final da primeira temporada tem o casamento de Lila, e a segunda temporada tem a festa em que Elena vai à casa de sua professora e deixa todos boquiabertos com a sua inteligência. Mas a bagunça mais gostosa é mesmo na praia, durante o verão, quando todas aquelas mocinhas italianas criadas para servir seus homens descobrem a liberdade e o desejo.

Quem quiser revisitar uma festinha do passado, literalmente, pode ir ao aniversário surpresa que Megan prepara para Don Drapper no primeiro episódio da quinta temporada de “Mad Men”. Ela canta um “Zou Bisou Bisou” bem sexy e escandaliza a todos com sua beleza e atitude.

Na Amazon, o lindo e premiado seriado “Transparent” (e que, por incrível que pareça, poucas pessoas conhecem) tem a melhor festa de casamento lésbico com fim trágico. “Eddy” (Netflix) tem música boa toda noite.

Em “Hollywood” (Netflix) tudo começa dando muito errado, mas (atenção: spoiler) acaba dando muito certo. Minorias juntas jamais serão vencidas! Algumas pessoas podem achar a trama inocente, mas em tempos de tantas desgraças, eu achei quase urgente devorar seus episódios. Ao final, na grande festa do Oscar, eu cheguei até mesmo a chorar.

Por último (mas a primeira a que eu escolheria ir), sugiro o sétimo episódio da primeira temporada de “Girls”. Jessa chama as amigas para uma festa com ares de “secreta” em Bushwick, mas ao chegarem lá elas encontram todo o elenco do programa. Shoshanna fica doidona de droga e, de um jeito bastante torto, Adam pede Hannah em namoro.

Ah, só mais uma coisa: se você quiser uma balada que não acaba nunca, tem toda a primeira temporada de “Boneca Russa” (Netflix).

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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