Timidamente, mas com o destaque suficiente para chamar a atenção, os jornais contam da descoberta de fazendas não declaradas no patrimônio de Artur Lyra, presidente da Câmara e sócio de Lula no condomínio da República.
O deputado tem mostrado excepcional resiliência a denúncias de improbidade desde que foi presidente do legislativo alagoano. Recentemente enfrentou as da mulher sobre o imóvel que recebeu sem documento de transferência de Fernando Collor e os desvios do orçamento secreto em kits de informática por assessores seus. A resiliência tem limites e tem o momento que se esgarça e rompe. A resiliência permanece forte graças às condições pessoais de Lyra, com poder sobre o orçamento, cargos públicos e capacidade de pressionar um presidente fraco.
Sempre há o momento do fim das situações que se considera definitivas. Assim aconteceu com Eduardo Cunha na mesma posição de Lyra. Cunha acabou como todos sabemos, embora seja de reconhecer que entre ele e Lyra há diferenças na inteligência, nos métodos e até no momento político. E Lyra não distende a corda com a sem cerimônia e ousadia irrefletida de Cunha. No entanto, embora ninguém faça fé nas bruxas da política, elas existem. Resta saber se Lula aposta nesse desenlace, previsível a partir de seu aprendizado sobre a política brasileira. O que não parece.