Assim passam os dias

Os gambás se suicidam cheirando um lenço embebido em perfume francês falsificado ao perceberem que a impotência está a duas quadras de distância.

As samambaias do litoral são as únicas plantas que não sentem atração nenhuma por cadeiras coloniais, mas são capazes de amar intensamente qualquer frasco de água de colônia.

As focas, ao chegarem à praia, dão uma rápida reboladinha e se mandam para a Nigéria, que é o local mais indicado para elas, nesses momentos de intenso prazer.

As vacas argentinas, ao serem curradas pelos touros uruguaios, sentem na carne a opulência do macho, a não ser que ele esteja do outro lado da cerca.

Os contos eróticos noruegueses, depois das cinco da tarde, perdem completamente a noção do tempo.

Um jacaré, por mais experiente que seja, não sabe o que é um peitinho entumescido.

Os lagartos hipocondríacos não sabem distinguir um maço de salsão de um espanador.

O cão pequinês, ao sentar num rolo de arame farpado, torna-se irreverente e petulante e imediatamente começa a pronunciar palavras de baixo calão, esfregando a orelha num frenesi incontrolável.

Os pintores renascentistas, ao descobrirem os marsupiais, acabavam com a vida em rápidas pinceladas.

O óleo de fígado de bacalhau é o afrodisíaco mais usado pelos macacos da esquerda radical, na África.

As colheres, ao contrário do que se pensa, não têm uma vida sexual ativa. Quando muito, conseguem obter orgasmo apenas três vezes durante a vida, dois deles dentro de pratos de sopa requentada.

Os grilos machos, no verão, permanecem em silêncio e com a luzinha apagada a noite toda, com a finalidade de atrair a parceira que se encontra a milhares de km de distância e não sabe que o macho apagou a luz mas ainda não foi dormir.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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