Aumentam as lambanças no transporte coletivo de Curitiba

Celso Nascimento – Gazeta do Povo

O prefeito Rafael Greca (PMN) não quer que os passageiros “entesourem” créditos do cartão-transporte. Quer que, em pouco tempo, percam o dinheiro que depositaram no cartão se não usarem ônibus. Em compensação, com a tarifa a R$ 4,25, o prefeito “entesoura” na Urbs uma parte do dinheiro para, futuramente, repassá-lo às empresas para compra de ônibus novos.

Nesta terça-feira (4), a prefeitura anunciou que a tarifa técnica – aquela que as concessionárias recebem por passageiro transportado – subiu de R$ 3,66 para R$ 3,98. A diferença entre esta e a do usuário ficou, portanto, em 27 centavos. Considerando-se que são milhões os passageiros, estes centavos se transformarão em milhões de reais depositados no Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC), administrado pela Urbs.

Precisa de ônibus novo? Muito bem: as empresas podem ir ao caixa da Urbs sacar o dinheiro necessário para ir às compras na Volvo, que fabrica e vende veículos no modelito que o prefeito adorou quando, na posse, foi agraciado pela indústria para fazer o trajeto entre a Câmara Municipal e a prefeitura.

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Só há uma condição: se quiserem sacar o dinheiro entesourado, as concessionárias terão de desistir das ações que mantêm na Justiça e que as desobriga de renovar a frota. Caso concordem com isto, a tarifa técnica vai subindo quando o saldo disponível no Fundo seja insuficiente. Dos atuais R$ 3,98, a tarifa técnica pode chegar, em um ano, a R$ 4,35, segundo calcula o presidente da Urbs, José Antonio Andreguetto. Neste caso, o valor já será maior do que os R$ 4,25 cobrados dos passageiros.

Mas, de acordo com ele, o “entesouramento” da diferença é que tornará possível às empresas comprarem veículos novos. Ou seja, é o povo que, por decisão da curiosa engenharia do prefeito, se obriga a adiantar poupança a ser usada pelas concessionárias caso concordem em desistir das ações. E se não desistirem a passagem vai abaixar?

O Setransp (o sindicato que representa as empresas) se manifestou nesta quarta (5) por meio de nota oficial, na qual informa que para transportar os passageiros, em diminuição acelerada, e renovar a frota a tarifa técnica deveria ser de no mínimo R$ 4,75. Donde se conclui que, se concordarem com os R$ 3,98 agora fixados, continuarão (segundo dizem) acumulando prejuízos enormes mesmo que, eventualmente, em futuro incerto, decidam comparecer ao guichê da Volvo para pagar por ônibus que encomendarem.

O Setransp defende fórmulas que o poder público poderia adotar para cobrir a diferença sem exigir subsídio público. Uma taxa extra sobre a gasolina vendida nos postos, por exemplo. Em nenhum momento, o Setransp fala em desistir das ações judiciais.

Você acredita que tudo isto dará certo? Concorda com o fato de você, desde fevereiro, já estar pagando preço salgado pela passagem sem que se garanta, ao mesmo tempo, o seu direito de usar ônibus novos e melhores? Não lhe parece que estamos diante de mais uma lambança?

Olho Vivo

Prorrogação não

O relatório da Medida Provisória 752 que trata das concessões viárias, de autoria do deputado federal paranaense Sérgio Souza (PMDB), foi aprovado nesta quarta (5) na Comissão Mista do Senado. Pelo relatório, fica sepultada a ideia de prorrogar os contratos de pedágio vigentes no Paraná, pelo simples fato de que tal possibilidade nem está prevista nas regras contratuais de 1997.

Ferrovias

Uma novidade importante aprovada pela Comissão é que, quando entrar em vigor, a medida provisória permitirá o compartilhamento das linhas férreas operadas por concessionárias privadas. Isto abre a possibilidade de as grandes cooperativas do Paraná, por exemplo, terem seus próprios trens e vagões para transportar a produção até Paranaguá sem precisar pagar fretes à atual concessionária, dentro de determinados limites horários.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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