Balde de água fria

BRASÍLIA – Se alguém ainda esperava que o PMDB abrisse fogo contra o governo, o encontro de ontem foi um balde de água fria. O partido de Michel Temer baixou o tom sobre a crise e evitou críticas diretas ao PT e à presidente Dilma Rousseff.

O próprio vice se encarregou de resfriar os ânimos. Antes de subir ao palanque, ele declarou à Globo News que Dilma “faz o possível e o impossível para a unidade nacional”. Uma mudança sensível para quem se insinuava, em agosto, como o homem certo para “reunificar” o país.

O ex-ministro Moreira Franco, aliado do vice, ainda tentou levantar a bola do impeachment. Ao apresentar o novo programa econômico do PMDB, disse que o documento merecia o apelido de Plano Temer. A fala animou militantes anti-Dilma que assistiam discretamente ao evento.

O pequeno grupo esperou que o vice começasse o discurso para interrompê-lo com gritos de “impeachment” e “Temer presidente”. “Por enquanto, não”, ele respondeu, constrangido. “Em 2018 nós vamos lançar um candidato, não eu. Eu estou encerrando minha vida pública”, desconversou.

A parcimônia pareceu estudada para evitar novos atritos com Dilma. Temer tinha bons motivos. A articulação pelo impeachment refluiu, o incendiário Eduardo Cunha foi vaiado e o auditório estava cheio de peemedebistas com cargos no governo.

No discurso escrito que levou ao evento, o vice se despediria afirmando que o Brasil vive um “grave momento” e que o PMDB sempre escolheu “o lado do povo”. Era a senha para novas manchetes belicosas, mas Temer preferiu encerrar a fala sem ler o parágrafo explosivo.

*No cenário mais favorável a Eduardo Cunha, veteranos do Conselho de Ética preveem um empate de 10 a 10 na próxima terça. Neste caso, o voto de minerva é do presidente José Carlos Araújo, que defenderá a abertura de processo contra o peemedebista.

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Bernardo Mello Franco – Folha de São Paulo

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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