© Myskiciewicz
BANDIDO DE FIBRA é esse bandidinho que aparece algemado no jornal, de calção, sem camisa, chinelo de dedo. Olha de frente para as câmaras, estufa o peito e em alguns casos chega a justificar o pior dos crimes. Não estou exaltando a criminalidade, longe disso. Estou exaltando a autenticidade, a sinceridade, diria até a hombridade dos bandidinhos. Nos últimos doze anos desta república já velha de 127, começam a ser presos os bandidos da pesada, os bandidões, também conhecidos como políticos. Tracemos semelhanças e diferenças entre ambos.
Os bandidinhos sofrem o rigor do código penal e o desconforto das prisões. Os da pesada, nem um nem outro; têm prisão especial e modorram em prisões-hospital, como os hipertensos da Lava Jato. O juiz não faz afago na cabeça dos bandidinhos; os bandidões são protegidos pelo presidente da república, que diz que não é crime aquilo está na cara ser crime – vide a advocacia administrativa do ministro Geddel Vieira Lima. Foi-se o mensalão, veio a lava jato e a aliança para manchar a república está mais forte. De novo, só o novo chefe.
Os bandidinhos ficam em cadeias sujas, superlotadas, insalubres, expostos a doenças, assédio sexual e morte nas disputas de gangues carcerárias. Os bandidões têm celas individuais, confortáveis para os padrões carcerários, que dividem com um único companheiro, como o hotel três estrelas, padrão Íbis, da República de Curitiba, região agrícola, conforme o advogado falastrão de Lula/Marisa; dificilmente entram em conflito porque no geral associam-se no crime; e, quando conflitam, logo se harmonizam, que o butim é grande.
Os bandidinhos aguentam o tranco da cadeia; os bandidões borram-se pela perspectiva da prisão preventiva. Os bandidos da pesada, arrogantes, sobranceiros e impávidos antes de apanhados pela lei, quando na prisão têm siricoticos, crises hipertensivas, surtos de choro e há até os que buscam o mocó da dupla cidadania. Por todos, vide o esperneio do ex-governador Anthony Garotinho, o chororô preventivo do ex-presidente Lula, a histeria da senadora quando a polícia remexeu a gaveta de cuecas do marido.
Entre os da pesada há aqueles com o ethos dos bandidinhos. Mostram compostura, sangue frio; até ousaria reconhecer-lhes certa dignidade quando conduzidos à prisão. Alguém dirá, e não tenho como refutar, que é só a segurança da impunidade ou da punição branda. A má sorte dos bandidões pode acabar nesta semana. Seus irmãos/asseclas do Congresso Nacional votam anistia dos crimes que os levaram à humilhação das prisões preventivas. Proteção para os de Brasília e para os residentes da “cidade masmorra” (R. Greca) da “região agrícola do país”. Rogério Distéfano