É um dos barzinhos mais frequentados da cidade e, bah, sua clientela é eclética e o lugar está sempre cheio. Por isso, é bom chegar cedo, mas não muito cedo porque eles não servem café da manhã.
O Zé, um dos filhos, assumiu o boteco depois que o Edmundo subiu pra servir baiacu aos anjos, mas a atração da casa ainda é o buchinho à milanesa, bem temperado pra descarregar as cervejas do depósito.
Antigamente era cobrado couvert artístico, pois o camarão de Guarapuava vinha cantando no prato e os artistas que atendiam eram todos da numerosa família do Edmundo, sempre de chinelos e com um palito entre os dentes.
Se não me engano o endereço do bar é o mesmo há 27 anos. Não tem e nunca teve música ao vivo, não há nenhum objeto antigo decorando as paredes, sem carta de bebidas, o estacionamento é a Erasto Gaertner sem manobristas, necas de pitibiriba de ar condicionado e quem quiser comer um frango ao molho pardo é só descer duas quadras, atravessar a rua e ir ao Pantagruel.
É um bar típico de periferia e, pasmem, durante os séculos que este humilde abstêmio que hoje vos fala frequentou o pedaço, não presenciou um arranca-rabo sequer, nenhum trancetê ameaçador, a não ser quando o Jaguar, numa noite destemperada, espantou o Dante Mendonça para fora do estabelecimento, pondo fim à uma bebedeira colossal que só teve um final feliz graças à intervenção de duas ou três cervejas geladas e algumas porções de camarão-abraçadinho.
Mijar lá, antigamente, era um sacrifício. Além de eternamente ocupado, o banheiro masculino era tipo quartel e a lâmpada estava sempre queimada. E quem é que com meia dúzia de caipirinhas conseguia urinar numa privada de quartel no escuro?
Diz que no Edmundo era proibido levar mulher feia. Bucho, só o da casa. E à milanesa. Espero que o Zé (onde anda o Juarez?) continue atendendo como o Edmundo nos velhos tempos, não deixando o cascudo fritar demais, não esquecendo de colocar bacalhau no bolinho-de-bacalhau e mantenha o bar com cara de bar de garagem que o Bar do Edmundo sempre teve.
Tenho a impressão que a Maí Nascimento errou de Luiz Antonio quando encomendou este texto. Outro Luiz Antonio, o Guinski, era mais assíduo nas visitas à conhecida petiscaria. Tão assíduo que acabou casando com a Cintia, uma das filhas do Edmundo. Vou ficando por aqui senão o Sérgio Mercer vai achar que tô querendo tomar o lugar do Barão de Tibagy. Além do mais, o único sujeito credenciado para contar histórias de botequim em Curitiba é o bardo Nireu Teixeira. E tenho dito.