O que seria do futuro dos indígenas e da Amazônia se Lula não fosse eleito?

A pergunta que todos se deveriam fazer, diante das barbaridades cometidas contra os yanomamis e a vida da floresta amazônica nestes últimos quatro anos, agora reveladas ao mundo: o que aconteceria se Lula não tivesse sido eleito e o antecessor ganhasse mais quatro anos de governo?

Foi o que me perguntei ao terminar de ler as reportagens e ver as imagens da catástrofe humanitária em Roraima neste final de semana. Se o resultado da eleição fosse outro, com a reeleição do ex-presidente, ao final de mais quatro anos não restaria de pé um único indígena, nenhuma árvore na Amazônia. Esse era o plano do garimpeiro frustrado, ejetado do Exército, e político medíocre, levado pelo destino à Presidência da República.

Agora já não se discute mais que ali se produziu, meticulosa e progressivamente, como um projeto de governo, o genocídio dos povos indígenas e a destruição da fauna e da flora do maior santuário ecológico do mundo.

Essa, porém, é uma questão para ser resolvida pela Justiça brasileira e pelo Tribunal de Haia, que já receberam uma tonelada de denúncias contra o ex-presidente e seus ministros. O mais importante agora é salvar as populações indígenas que estão morrendo de fome e de malária, como o presidente Lula constatou pessoalmente no último dia 21, ao viajar para Roraima.

Na véspera de completar o primeiro mês do seu terceiro governo, o presidente Lula fez hoje uma reunião interministerial logo de manhã, no Palácio do Planalto, para determinar rapidez e agilidade na ação conjunta que deverá cortar o tráfego aéreo e fluvial de garimpos clandestinos na terra yanomami, cumprindo uma promessa de campanha.

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, uma referência mundial na defesa da Amazônia, anunciou que o governo federal planeja remover entre 20 e 40 mil garimpeiros e combater os contrabandistas de ouro, mas não adiantou as datas para não prejudicar as operações que envolverão, além de sete ministérios, as Forças Armadas, Polícia Federal, Receita Federal, Ibama e Funai, entre outros órgãos.

“Vamos atuar firmemente e o mais rápido possível na assistência de saúde e alimentação ao povo yanomami e no combate ao garimpo ilegal”, publicou Lula nas redes sociais. À tarde, Lula recebeu no Palácio do Planalto o chanceler alemão Olaf Scholz, que doará R$ 1,2 bilhão para ações emergenciais do Fundo Amazônia, congelado no governo anterior. A Noruega também já anunciou que voltará a contribuir com este fundo.

Esta será uma oportunidade histórica para o Brasil assumir de vez o controle da Amazônia, com tropas militares e policiais, não só para combater o crime organizado, expulsando de lá garimpeiros e pescadores ilegais, contrabandistas, traficantes e madeireiros, mas também para implantar políticas publicas permanentes nos territórios indígenas demarcados e nas áreas florestais protegidas, levando educação e saúde para os povos ribeirinhos.

Li em algum lugar que o fugitivo ex-presidente pediu ao seu médico particular que deixe um automóvel à sua espera na pista do aeroporto, se e quando um dia voltar ao Brasil, para levá-lo direto ao hospital.

Diante de todo o conjunto da obra criminosa que agora conhecemos melhor, incluindo a tentativa de golpe no dia 8 de janeiro, o certo seria levá-lo direto para uma cadeia, o que só não acontecerá porque ainda vivemos numa democracia, em pleno Estado de Direito, que ele tanto combateu durante todo seu mandato.

Vida que segue.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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