Foi o que me perguntei ao terminar de ler as reportagens e ver as imagens da catástrofe humanitária em Roraima neste final de semana. Se o resultado da eleição fosse outro, com a reeleição do ex-presidente, ao final de mais quatro anos não restaria de pé um único indígena, nenhuma árvore na Amazônia. Esse era o plano do garimpeiro frustrado, ejetado do Exército, e político medíocre, levado pelo destino à Presidência da República.
Agora já não se discute mais que ali se produziu, meticulosa e progressivamente, como um projeto de governo, o genocídio dos povos indígenas e a destruição da fauna e da flora do maior santuário ecológico do mundo.
Essa, porém, é uma questão para ser resolvida pela Justiça brasileira e pelo Tribunal de Haia, que já receberam uma tonelada de denúncias contra o ex-presidente e seus ministros. O mais importante agora é salvar as populações indígenas que estão morrendo de fome e de malária, como o presidente Lula constatou pessoalmente no último dia 21, ao viajar para Roraima.
Na véspera de completar o primeiro mês do seu terceiro governo, o presidente Lula fez hoje uma reunião interministerial logo de manhã, no Palácio do Planalto, para determinar rapidez e agilidade na ação conjunta que deverá cortar o tráfego aéreo e fluvial de garimpos clandestinos na terra yanomami, cumprindo uma promessa de campanha.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, uma referência mundial na defesa da Amazônia, anunciou que o governo federal planeja remover entre 20 e 40 mil garimpeiros e combater os contrabandistas de ouro, mas não adiantou as datas para não prejudicar as operações que envolverão, além de sete ministérios, as Forças Armadas, Polícia Federal, Receita Federal, Ibama e Funai, entre outros órgãos.
“Vamos atuar firmemente e o mais rápido possível na assistência de saúde e alimentação ao povo yanomami e no combate ao garimpo ilegal”, publicou Lula nas redes sociais. À tarde, Lula recebeu no Palácio do Planalto o chanceler alemão Olaf Scholz, que doará R$ 1,2 bilhão para ações emergenciais do Fundo Amazônia, congelado no governo anterior. A Noruega também já anunciou que voltará a contribuir com este fundo.
Esta será uma oportunidade histórica para o Brasil assumir de vez o controle da Amazônia, com tropas militares e policiais, não só para combater o crime organizado, expulsando de lá garimpeiros e pescadores ilegais, contrabandistas, traficantes e madeireiros, mas também para implantar políticas publicas permanentes nos territórios indígenas demarcados e nas áreas florestais protegidas, levando educação e saúde para os povos ribeirinhos.
Li em algum lugar que o fugitivo ex-presidente pediu ao seu médico particular que deixe um automóvel à sua espera na pista do aeroporto, se e quando um dia voltar ao Brasil, para levá-lo direto ao hospital.
Diante de todo o conjunto da obra criminosa que agora conhecemos melhor, incluindo a tentativa de golpe no dia 8 de janeiro, o certo seria levá-lo direto para uma cadeia, o que só não acontecerá porque ainda vivemos numa democracia, em pleno Estado de Direito, que ele tanto combateu durante todo seu mandato.
Vida que segue.