Em verdade vos digo, assino em público e raso, para ciência dos presentes e inconsequentes, que quem quer que estiver ao lado de Ricardo Barros, no partido, no palanque, na lista de doadores, até na mesa ao lado do restaurante, será por mim amaldiçoado e renegado. Não fará diferença para ninguém, mas para mim trará paz de espírito, descargo de consciência.
Ricardo Barros, homem de todos os presidentes e de nenhum brasileiro, é a mais apurada quintessência do político egocêntrico, autocentrado e solipsista que houve, há e haverá no Brasil, pois tudo o que faz nem de longe sugere o bem público. Outros fizeram pior, outros nos levarão ao abismo – entre eles Jair Bolsonaro. Mas nenhum teve ou terá a eficiência fria e incansável de Ricardo Barros.
No tropismo que o atrai ao poder, Barros serve antípodas: FHC, Lula, Dilma. Sempre no tempo presente e com igual fervor ao que dedica a Jair Bolsonaro. O pior não cabe no dicionário de Barros, que só traduz o útil. Tem sido o homem de todas as estações. Quando nada e para entender estas linhas podia ler sobre Thomas Becket, o homem que renegou o poder e morreu para não ser mais um “homem de todas as estações”.
A última de Barros, que como líder do governo, orienta a tramitação urgente da lei de mineração em terras indígenas. Quando o Brasil ficar assoreado, árido, os rios secos, Ricardo Barros estará no desfrute da sombra, da água fresca e da calça folgada, ainda líder, operoso, eficiente e orgânico do poder do momento. Um homem que converte seu tom de natural cinza na cor que replica a da meio que o abriga.