No volume e no emaranhado das complicações jurídicas em que o ex- governador Beto Richa vem sendo envolvido atualmente, o fato de ter se tornado réu num processo de quase 10 anos confunde tudo. E prejudica ainda mais a imagem dele.
Um problema de aplicação de dinheiro público destinado à saúde de forma equivocada – um erro, sim, mas de cunho administrativo e aparentemente defensável –torna-se mais um argumento para mostrar que Beto Richa, desde os tempos de prefeito de Curitiba, não era o gestor moderno, ousado e equilibrado que a propaganda fez crer aos paranaenses.
Tornar-se réu pela decisão de um juiz federal vem justamente na semana em que o juiz Sérgio Moro reclamou nos autos porque lhe tiraram das mãos o processo que investiga se as doações de R$ 2,5 milhões da Odebrecht para a campanha da reeleição de Beto Richa foi resultado de uma maracutaia imensa na licitação da PR 323. Trata-se aqui da maior obra rodoviária do governo dele, que sequer foi iniciada, por desistência da própria Odebrecht.
Em resumo, Moro deixou claro que ali tinha fatos graves, passíveis de novas investigações e não apenas uma doação irregular de campanha, que a Justiça Eleitoral passa a analisar.
O fato é que o ex-governador vem aparecendo demais em delações premiadas, denúncias de desvio de dinheiro público e com todos os principais assessores, que o acompanham há mais de 20 anos, também notificados por mal feitos.
Por tudo isso é que a notícia de que se tornou réu já não surpreende. Mas o efeito é de afundar um pouco mais o nome no brejo.