Bia Kicis, vergonha da raça

O trio Kicis-Zambelli-Damares representa o que há de pior para as causas femininas

Expectativa: exercitar a sororidade. Realidade: Bia Kicis. A deputada do PSL-DF, eleita na esteira do bolsonarismo e uma das mais ferrenhas lambe-botas do presidente, deve assumir a presidência da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara.

A indicação dela é um escárnio. A parlamentar é investigada por financiar com dinheiro público a propagação de mensagens a favor de atos pelo fechamento do Congresso e do STF. Trata-se de uma golpista de carteirinha, que terá também o poder de analisar pedidos de impeachment contra o presidente golpista.

A ala feminina que apoia Jair Bolsonaro é a prova de que caráter não é questão de gênero. Não adianta ter mais representatividade na política quando significa empoderar mulheres do naipe Kicis-Zambelli-Damares. O trio é a vergonha da raça e representa o que há de pior para as causas femininas.

Em dois anos, Kicis conseguiu se destacar apenas pelas polêmicas que coleciona, pelos linchamentos que promove. Ataca feministas, ironiza assédio sexual, diz que o feminismo é “máquina de moer lindas jovens e transformá-las em barangas”. Antes ser baranga a ser pau-mandado de genocida.

É a quarta parlamentar que mais dissemina mentiras nas redes sociais, segundo levantamento da agência Aos Fatos. Só fica atrás de Osmar Terra, Eduardo Bolsonaro e Carla Zambelli. Não por acaso é investigada no inquérito das fake news. Culpa a China pela coronavírus, é contra o uso de máscaras e entre seus projetos estão a volta do voto impresso, diminuição da idade de aposentadoria dos ministros do STF, escola sem partido.

Só mesmo em um buraco chamado Brasil é que uma pessoa assim, um verdadeiro boletim de ocorrência ambulante, pôde ter sido procuradora da República e agora virar guardiã da Constituição. Não há sororidade que resista ao chorume do currículo de Bia Kicis.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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