Bicho do Paraná

ENGALANADO E EMBEVECIDO, o Paraná assiste o entronizar de um nativo na constelação dos grandes sociólogos do universo. Homem dois palmos mais alto que Émile Durkheim, um dos pais- fundadores da ciência social e na atualidade das convicções gêmeo intelectual de Max Weber. Trata-se de Sergio Moro, Vilfredo Pareto pé-vermelho.

SIM, trata-se de nosso ex-juiz ferrabraz da Lava Jato, hoje pelos azares do temperamento bolsonaro um pálido ministro da Justiça, a buscar protagonismo e substância. Substância política, fique claro, quem sabe a sinecura judiciária cada vez mais longínqua. Mas sempre um homem de ciência, intelectual de obra inédita, agora antecipada.

O DURKHEIM de Maringá, ainda na frustrante curul de ministro da Justiça, durante cerimônia – conjunta e inútil – entre ministérios, revelou a causa da violência contra a mulher. O Insulto poupa os leitores do insulto da prosopopeia morônica e limita-se ao  – longo – topoi desvendado pelo ministro Moro sobre a violência e o feminicídio.

O MORO DE MARINGÁ não é como o Moro de Veneza, Otelo, o ciumento mórbido que matou Desdêmona, a heroína de Shakespeare: “A mulher sofre violência porque é mais forte. O homem comete violência contra ela porque sente-se inferiorizado, amedrontado”. Eis a essência do pensamento, vivo e atual, de nosso Moro.

A DESCOBERTA do sociólogo-ministro, duque da ciência, pois príncipe só FHC, tem apoio do pessoal do Insulto. Em parte. A gente aqui morre de medo de mulher, todas as mulheres, de casa e da rua. De algumas recebemos petelecos, apanhamos em silêncio, culpados ou inocentes. Pelo cara da conje dele, sabe-se onde Moro pesquisou.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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