Biografáveis não afáveis

São as contradições da nossa época: só biografados sem autocensura se acham no direito de censurar biografias. Biografáveis não afáveis

As livrarias dão o maior espaço para as biografias. Livreiros sabem como os leitores adoram ficção. 

Biografia é isso que a gente vai fazendo quase sem sentir e, ao final, sente muito. 

Autorizar biografia só combina com dois tipos de biografáveis: os autoritários e as autoridades. 

Algumas autobiografias podem fazer tanto sucesso comercial que acabam virando livros de autoajuda. 

Um dos piores pressupostos é o da autobiografia: todo autor crê que todo mundo está tão interessado no assunto quanto ele. 

A memória é muito importante nas biografias e autobiografias. Ela serve pra gente lembrar de não ler ou pra esquecer que leu. 

Certas autobiografias ilustram bem a incongruência humana: pessoas que não se enxergam expondo sua visão de vida. 

Biografia com foto é um livro fácil de julgar pela capa, já que muito biografado não tem miolo. 

Celebridades costumam pagar fortunas a biógrafos profissionais. É o preço da certeza de receber um livro melhor do que a encomenda.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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