— Ora, gritou o mestre, Barbara Black, Ph.D. pode ser apenas uma alucinação e vai te levar a escrever um monte de besteiras para engordar a miséria da literatura atual! Tive que me conter, experimentando na boca um sabor amargo de insatisfação provinda daquele insulto: — Frieda, coadjuvante-chave de O Castelo, remete a Friede, que ele alemão quer dizer “paz”.
— Acredita em paz como fogo de monturo? Abafado mas nunca apagado?
Tome tenência. Avie-se, meu caro. Coteje com a realidade mais clara: está amando a sombra de uma mulher projetada por sua voz maviosa.
— Que Alá me proteja! – Zombei dos fatos, coloquei em xeque a genialidade da vida ao proferir essa expressão terrivelmente religiosa.
A partir daí, a conversa ruiu sem nenhum fragor. Recostei-me na cadeira estofada e joguei os pensamentos mais renitentes pela janela. As pessoas são apenas charmosas ou tediosas. Os pensamentos, idem. A infernal dicotomia que em tudo se instala: isso ou aquilo, assim ou assado. Prefiro a policotomia. Sou uma colcha de retalhos culturais feita para o Verão – e agora é inverno. E tenho que usá-la, mesmo passando frio. Paz. Friede. Peace. Pace.
Quando o raio do amor acertou este coração, sabe que existe amor naquele coração, fiquei Rumi/nando. Barbara, Ph.D., teria que ter amor no coração. Minha sonda-clichê completava mais uma volta na órbita do planeta Amor. Gelado, sem vida, pleno de montes e crateras? Ou verdejantemente vivo e azuladamente inspirador?
O telefone me olhava qual cão de guarda do Inferno. Rosnava, entredentes, a cada pensamento meu para tirá-lo do gancho.
*Rui Werneck de Capistrano não é barata nem nada