Através do Garibaldis & Sacis, Curitiba exibe suas diferenças e peculiaridades em uma festa que resgata o carnaval de rua e se revela como referência de arte e cultura. Um pré carnaval de misturas, em que a celebração das diferenças toma, ano a ano, as ruas do centro histórico da cidade. Este é o espírito da festa que acontece desde 1998, criada espontaneamente por artistas curitibanos. No último domingo, os repiques, as fantasias, as cirandas e os refrões bem humorados legraram novamente mais de 7 mil foliões presentes. Porém, nenhum deles imaginava que ao final da festa, da manifestação pacífica que acontece todos os anos, veriam e participariam de cenas de terror.
O Largo da Ordem foi palco da ação violenta de policiais militares contra os foliões que brincavam após o pré carnaval. De forma desproporcional, um batalhão de choque iniciou uma verdadeira guerra com disparos de balas de borracha e bombas de efeito moral, deixando muitos foliões feridos. Segundo a polícia, foram jogadas garrafas e pedras em uma viatura da PM e por este motivo o reforço policial foi chamado.
Apesar do triste episódio, a última apresentação de 2012 do Garibaldis e Sacis está confirmada para o próximo domingo. Os organizadores já solicitaram, através das redes sociais, que os foliões participem vestindo branco. Além desta proposta, outras já foram organizadas e serão divulgadas durante a coletiva. “Vamos para a rua com o mesmo espírito de sempre, que é o de brincar com alegria, paz e amor. Porém, agora é necessário resgatar e reafirmar a essência desta festa. Vestir a camisa pela paz.” explica Luiz Nobre, um dos organizadores do bloco.
Garibaldis e Sacis: celebração da alegria
Da idéia brincalhona de um grupo de amigos artistas, surgiu em 1998 o Pré Carnaval Garibaldis e Sacis, que reunia na época pouco mais do que cem pessoas no Largo da Ordem. Ao longo dos anos, a festa caiu no gosto do curitibano e atualmente são milhares reunidos nos quatro domingos que antecedem o carnaval. Diante do crescimento, os amigos resolveram criar a um ano e meio atrás a Associação Recreativa Cultural Amigos do Garibaldis e Sacis, que conta com 25 pessoas associadas, as mesmas responsáveis pela organização do evento. Há também a bateria formada por mais de 20 músicos da cidade. Todos voluntários.
A brincadeira que deu certo…
O Bloco Pré Carnavalesco Garibaldis & Sacis teve início em 1998 a partir de uma provocação que o artista maranhense Itaércio Rocha – hoje presidente da Associação Recreativa Cultural Amigos do Garibaldis & Sacis – fez no programa “Samba De Bamba”, apresentando pelo jornalista Rodrigo Browne, na Rádio Educativa do Paraná, convidando as pessoas a se reunir nos domingos pré carnaval para brincar a folia. Isso bastou para motivar um grupo de amigos a planejar a festa para o ano seguinte.
Em 1999, artistas ligados à Faculdade de Artes do Paraná (FAP), ao Conservatório de Música Popular Brasileira, ao Teatro de Bonecos e ao Grupo Mundaréu, encontraram-se rotineiramente nos domingos de janeiro no Saccy Bar, centro histórico de Curitiba, para discutir a organização da festa. Numa destas reuniões foi eleito o nome do bloco, “Garibaldis & Sacis”, em alusão e homenagem ao itinerário idealizado. O ponto de partida seria o Saccy Bar e o ponto final do trajeto a Praça Garibaldi. Desta forma, o bloco desfilaria pelas ruas convidando as pessoas a participar, além de buscar o resgate dos antigos carnavais de rua.
Paralelo ao crescimento do bloco, o aparato de som também se desenvolveu. O músico Ricardo “Rosinha”, mesmo criador do invento com o carrinho de supermercado, levou para as ruas um Fiat Fiorino com o som que ajudou a fazer a festa até 2008. Nos anos seguintes, financiado pelos próprios foliões, o bloco contratou uma Kombi que funciona como mini trio elétrico.
Inicialmente o desfile começava por volta das 13 horas, na tentativa de aproveitar o público que se dirigia até o Largo da Ordem para fazer compras ou passear pela Feira de Domingo e terminava com um grande Cacuriá, em que todos participavam. Com o aumento do número de pessoas que o seguiam e um entrave referente ao horário da missa de domingo na Igreja de São Francisco da Ordem, que coincidia com o horário de saída do bloco, o início da festa foi adiada para as 15h30 e o ponto de partida alterado para frente do Memorial da Cidade, também no Largo da Ordem.
O Bloco por si só é um grande sucesso e tem como objetivo a valorização da cultura popular. Tanto que a partir dele, surgiram outros eventos. Nos últimos anos realizaram, periodicamente, sambas de mesa em frente ao Conservatório de MPB, no bar do Cícero, hoje conhecido como bar Brasileirinho. Além dos sambas, os encontros resultaram em outras duas festas populares que agora ocorrem anualmente: O “Arraial da Anita”, uma festa com temática junina (quadrilha, batuques e fandangos) fora de época, realizado de maneira comunitária e o “Sarau do Saci”, evento em que artistas da cidade apresentam poesias, músicas, histórias e contos em frente ao Relógio das Flores. Uma celebração de primavera aberta ao grande público, com forte foco na infância, pois, nela são homenageados o Dia de Cosme e Damião, o Dia das Crianças e o Dia da Padroeira, Nossa Senhora Aparecida.
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