A adesão de Bolsonaro era esperada. É claro que seu peso para obter votos para Milei é limitado; seu apoio e seu pedido de votos funcionam mais como a confirmação da linha que Milei segue. Vários apoiadores juntam Milei com Bolsonaro e Donald Trump. Não há nenhuma aproximação da frente partidária de Milei com o PL, partido de Bolsonaro.
A comparação está longe de ser exata, mas pode-se dizer que Milei é o Bolsonaro argentino. Assim como o brasileiro em 2018, o argentino fala mais sobre o que vai destruir do que sobre o pretende construir. Economista, é um ultraradical do liberalismo e da direita, que defende praticamente o fim do estado e do governo na Argentina. É contra tudo, inclusive o Mercosul.
Por isso, Milei é o pesadelo do governo Lula no momento. Caso ele vença as eleições, são enormes as chances de abandonar o Mercosul, que considera inútil para a Argentina. Isso tiraria enorme força do Brasil como líder regional e reduziria seu poder de negociador no cenário internacional.
O Brasil tem ajudado o candidato do governo, Sergio Massa, hoje o principal concorrente de Milei: deu um empurrão para a Argentina conseguir um empréstimo e mandou uma equipe de marqueteiros do PT para trabalhar na campanha. Com o governo Lula de um lado, é natural que Bolsonaro esteja de outro na eleição argentina.