Bolsonaro sai mais forte

Militância mostra que qualquer denúncia será recebida como arma

Difícil acompanhar o último episódio de “Brasil: Um País Muito Louco”. E parece que ainda não acabou. Em menos de 24 horas, houve reviravoltas para uma temporada inteira. A família Bolsonaro foi parar no centro do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. O porteiro do condomínio disse que um dos acusados teria avisado que iria à casa do então deputado. 

Jair teve um chilique sem precedentes na história da República, diretamente das arábias, acusou o governador do Rio de tramar contra ele, ameaçou a TV Globo com o fim da concessão pública, mandou o desenrolador de tretas oficial da primeira família, Sérgio Moro, dar seus pulos e enquadrar o porteiro.

Sabe-se que o Ministério Público do Rio consultou o presidente do STF sobre o caso. Carlucho, vereador e filho, foi para o Twitter com registros de entrada do condomínio para desmentir a denúncia. Eduardo Bolsonaro incentivou linchamento de jornalistas pelo 5º episódio seguido. Outra planilha circulou na internet mostrando ligação para a casa do presidente. O procurador-geral, Augusto Aras, engavetou, ops, arquivou o que ele classificou de “factoide”. Por fim, uma das procuradoras disse que o porteiro mentiu.

De um lado, os opositores do presidente juntaram lé com cré e têm certeza de que as relações promíscuas com milicianos são a prova de que a história que o porteiro contou fecha as lacunas que a polícia ainda não conseguiu nesses, inacreditáveis, 19 meses.

Do outro, a militância, que ignora as tramoias de Fabrício Queiroz e os Bolsonaros, provou mais uma vez sua fidelidade e mostra que qualquer denúncia será recebida como armação para derrubar o presidente. O porteiro mentiu? Por que mentiu? Para os extremos, tanto faz a resposta. Uma coisa é certa, a cada notícia negativa, comprovada ou não, Bolsonaro sai mais forte entre os seus eleitores.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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