O presidente Lula (à direita na foto) lamentou o baixo público em seu ato pelo 1º de Maio em São Paulo e cobrou publicamente Márcio Macedo, chefe da Secretaria Geral da Presidência da República. “Eu disse para ele: ‘ô, Márcio, o ato tá mal convocado. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar”, reclamou.
No resto do discurso, Lula pintou um Brasil muito melhor do que o que consegui entregar até agora, tentou negar a crise com o Congresso Nacional, que atribuiu, como de costume, à imprensa, mas reclamou da desoneração aprovada pelo parlamento, e que seu governo foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) para bloquear.
“Se vocês acompanharem a imprensa todo dia, dá impressão [de] que tem uma guerra entre o governo e o Congresso Nacional. Vocês sabem que a minha bancada, a chamada bancada progressistas que me elegeu nas eleições, a gente não chega a 140 deputados de 513. Mas eu quero fazer um reconhecimento: nós fizemos alianças políticas para governar, e, até hoje, todos os projetos que nós mandamos para o Congresso foram aprovados de acordo com os interesses de que o governo queria”, discursou, sem mencionar quantidade de emendas que seu governo tem de liberar a cada uma dessas votações.
Desoneração
Na sequência, o petista chamou atenção para seu veto ao projeto de lei que prorrogou a desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e de prefeituras. O veto foi derrubado pelo Congresso e, em resposta, o Palácio do Planalto encaminhou uma medida provisória para se desfazer progressivamente das desonerações. Sem conseguir se entender com o Congresso, o governo foi tentar ganhar a disputa no STF, o que desagradou a cúpula do Congresso.
“A gente faz desoneração quando o povo pobre ganha, quando o trabalhador ganha, mas fazer desoneração sem que eles sequer s comprometam a gerar o emprego, sem que eles sequer se comprometam a dar garantia para quem está trabalhando, eu quero dize: no nosso país não haverá desoneração para favorecer os mais ricos, e sim para favorecer aqueles que trabalham e que vivem de salário”, discursou.
Durante o evento, Lula sancionou o projeto de lei altera os valores da tabela progressiva mensal do Imposto de Renda e o Decreto de Promulgação da Convenção e Recomendação sobre o Trabalho Decente para as Trabalhadoras e os Trabalhadores Domésticos.
Vote em Boulos?
Lula exaltou vários de seus ministros no discurso, como o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, que usava um boné da CUT, e o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, mas o que chamou a atenção mesmo foi o pedido de voto para o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), que é pré-candidato à Prefeitura de São Paulo.
“Eu vou fazer um apelo: cada pessoa que votou no Lula em [19]89, em [19]94, em [19]98, em 2006, em 2010, em 2018, em 2022, tem que votar no Boulos para prefeito de São Paulo”, discursou.
Pela legislação eleitoral, o candidato ou seus aliados podem fazer pré-campanha eleitoral, mas a norma veda de forma clara o pedido explicito de voto em torno do eventual candidato. Segundo analistas eleitorais consultados por O Antagonista, isso pode ser configurado como crime eleitoral, passível, inclusive, de perda de mandato, caso Boulos venha a ser eleito.