#diáriodobolso: ‘meu aniversário teve bolo, aglomeração, tirei a máscara e ameacei golpe militar’

Diário, ontem foi meu aniversário e eu festejei bastante. Não é por causa que morreram mais uns mil e tantos brasileiros que eu ia ficar triste em casa. Vem menos gente pra festa, mas tudo bem.

Afinal, a Dilma ia deixar de fazer festa se no dia do aniversário dela tivesse o incêndio da boate Kiss? O Lula ia deixar de fazer festa se a barragem de Brumadinho tivesse estourado justo no aniversário dele? O Fernando Henrique ia deixar de fazer festa se tivesse caído o avião da Tam?

Bom, talvez eles cancelassem tudo, sim. Mas eu sou eu, pô!

E fiz questão de fazer a festa completa: teve bolo, aglomeração, tirei a máscara e discursei ameaçando com um golpe militar.

O General Heleno, meu convidado de honra, ficou ali, só me apoiando quando eu falei em golpe. O Heleno é o grande intelectual das Forças Armadas. E ele disse que um dia vai me explicar direito esse negócio de terraplanismo.

Bom, Diário, o maior sucesso da festa foi o bolo. A receita é essa aqui:

Massa:
1 copo de cloroquina.
3 copos de azitromicina.
2 colheres de ivermectina.
1 copo de óleo de peroba.
1 copo de sangue quente.
Uma colher de lágrimas (pode ser de mãe, pai ou filhos, tanto faz).

Cobertura:
Muito leite condensado do exército.
Meio cilindro de ozônio.
Uma colher de ossos em pó.

Modo de Preparo
Massa:
Misture os quatro primeiros itens e bata bastante, como se fosse uma tortura.
Aos poucos, acrescente o sangue.
Adicione as lágrimas para quebrar o doce.
Despeje numa urna funerária untada.
Coloque para assar no fogo do inferno.

Cobertura:
Jateie o leite condensado com ozônio até ficar cremoso.
Depois despeje em cima do bolo ainda quente.
Por fim, polvilhe o pó de ossos (pode ser pó de cremação também) para decoração.

Aí é só cortar e servir para o pessoal. Aposto que vai fazer o maior sucesso, Pelo menos com 46% da população.

#diariodobolso

PS: Um monte de gente chegou na minha festa como convidados e saiu como covidado, kkk!

José Roberto Torero

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Ultrajano e marcada com a tag . Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.