Brincadeiras e malvadezas da Dilma

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Conheci um empresário que levou sua empresa à falência, rápida, retumbante, por executar em dois anos um plano de desenvolvimento  que a sensatez e a prudência recomendavam implementação em 10 ou 15 anos; a pressa e a ousadia destemperada levaram para o buraco e para o sofrimento centenas de pessoas que tiveram de assistir, impávidas, à ruína de um negócio que tinha solidez e futuro próspero se administrado por uma pessoa mais capaz e mais prudente.

A mesma coisa ocorre hoje com o Brasil; uma presidente incapaz, inexperiente (Dilma), assessorada por pessoas açodadas no Planejamento (Barbosa) e na Fazenda (Levy) decidiram  fazer em dois anos ajustes que deveriam ser feitos devagar, ao longo de oito a dez anos. Parece claro que vão matar o doente por excesso de remédio.

Em cinco anos – contando com maior equilíbrio climático—pode-se reestruturar a matriz energética e recompor tarifas. Em dois anos, buscar a recomposição da tarifa em época de estiagem e outras intempéries, é quase matar a galinha de ovos de ouro—a classe média—que poderia responder pelo crescimento da economia em níveis razoáveis.

Ministros da Fazenda e do Planejamento mostram-se peritos em tecnocracia  e neófitos em política; tanto um (Levy) como o outro (Barbosa) deveriam ser substituídos imediatamente, antes que seja tarde demais.

 Pressa,  açodamento, é a marca principal de um governo que parece brincar, sadicamente, com os interesses da sociedade; enviar  para o Congresso um orçamento com déficit  de 30 bilhões de reais é brincadeira de mau gosto; e a primeira conseqüência daninha desse gesto apareceu com sua face dramática—a retirada do grau de investimento pela  Standard and Poors; e não é nada improvável que as demais agências classificatórias de risco imitem a Standard.

É tudo muito óbvio: primeiro, o governo deveria dar a sua parte no ajuste– cortar ministérios, cargos de confiança, desmobilizar patrimônio, cortar uma montanha de gastos supérfluos, reduzir para menos da metade os cargos de confiança, etc etc etc. Depois, persistindo o déficit, fazer um esforço de repor grande parte do dinheiro roubado da Petrobras, Nuclebras e outras fontes de corrupção. O orçamento do próximo ano, inclusive, deveria ter uma rubrica com previsões seguras do retorno do dinheiro desviado.

Em seguida, promover, com ajuda do Congresso, ampla reforma tributária para tornar a carga menos onerosa para a classe média e mais pesada para a classe de alto poder aquisitivo. Se todas essas coisas forem feitas com competência e aguçado senso de justiça  veremos que grande parte dos problemas desaparecerá.

Pior de tudo é a falta de transparência, a tentativa de enganar o público. Exemplo: quem vê as declarações oficiais, vai pensar que a Caixa Econômica voltou a operar com créditos ilimitados no financiamento da casa própria; na prática, o que se vê é um súbito aumento da burocracia para se tomar um crédito e restrições nunca vistas antes.

O país foi parado a pontapés, e a sociedade onerada por uma política econômica estúpida, desumana, imbecil. Não se pode parar tudo de uma vez: a sensatez recomenda que , ao se fechar uma torneira aqui, outras tantas sejam abertas acolá; é através de um jogo bem pensado e bem concatenado que se avança, sem causar tanto sofrimento e tanto retrocesso.

Também não há como contar com alguma sensatez e criatividade no combate à inflação a não ser  o já velho mecanismo de aumento dos juros pelo Banco Central, juros esses colocados novamente na estratosfera. Gastos governamentais sem controle também são altamente inflacionários!

O real,  pela primeira vez desde o surgimento, em 1993, está sob forte ameaça de destruição. E a equipe econômica se mostra inflexível, dura, com os olhos fixos na dianteira, sem olhar para os lados e muito menos para trás. O país precisava de asa delta à frente da economia e lá puseram dois tratores-esteiras com claro objetivo de moer tudo o que encontrassem pela frente.

 Quem tiver fé, trate de rezar.

dirceupioBlog do Zé Beto

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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