Eu sou do tempo em que os alunos matavam
as aulas, e não o contrário.
A melhor maneira de absorver noções de
anatomia é através de um bom atlas
científico, nunca por meio de facadas
ou balas perdidas.
A dor ensina a gemer, mas agora, com tantos
e feridos diariamente nas escolas, chegou-se
à pós-graduação.
De todas as armas que os jovens podem
levar para as salas de aula, a mais perigosa
de todas, fornecida pelos pais,
é a prepotência.
Uma coisa é um aluno “apanhar” de uma
matéria mais difícil para ele; outra bem
diferente é um professor apanhar
de um aluno.
Muros e grades e não impedem que
a violência entre na escola. Afinal, ela
já está matriculada lá, onde também
muitas vezes leciona.
Entre a Academia Brasileira de Letras
e as academias de artes marciais, o coração
do estudante não balança.
Segundo a sociedade, pôr alunos
de castigo contradiz os direitos humanos.
Segundo o Estado, aviltar os salários
dos professores não é nenhuma
contradição.
O autoritarismo prejudica o aprendizado.
A falta de autoridade faz mal ao ensino.
Se não fosse a merenda escolar diária,
a evasão seria maior; se não fossem
as invasões cotidianas, o pesadelo seria
menor.
Neste momento delicado, a pedagogia
e a didática podem e devem ser questionadas.
Claro, sem nenhuma lâmpada acesa
na cara delas ou um delegado
interrogando.
Claro que conhecimento e cultura não
salvam a pátria. Mas pelo menos fariam
menos vítimas que a ignorância e a falta
de educação.
Enquanto não se discutir as mazelas
da educação nacional, as discussões entre
o corpo docente e o corpo discente
vão ser sempre resolvidas no
corpo-a-corpo.
Etc.