HOJE NO SITE da RPC, com vídeo e manchete, a notícia importante: o motorista que bateu o Camaro contra um muro, na estrada do Ganchinho. Qual a novidade? Nenhuma, todo dia tem carro batendo contra muros, postes, árvores, caminhões, outros carros, até contra gente. Por que tamanho destaque?
PORQUE é o carro de luxo que atrai o destaque e a chamada específica: o Porsche, o Camaro, o Mustang, o Mercedes. Quando o acidente envolve carro popular ou carro sem o atributo “de luxo”, o jornalista ignora a marca nem sugere um mínimo de empatia pela perda, eventualmente do instrumento de trabalho ou do sonhado veículo da família remediada.
DESTRUIR O CARRO de luxo impacta o imaginário do jornalista, que acusa a perda, seja para lamentar, seja para celebrar: “uma pena destruir aquela beleza” ou “bem feito para o burguês exibicionista”. O que diria o motorista, dono do carro de luxo destruído? Diria “cabeça de pobre, tenho mais na garagem”. Ou “o seguro paga perda total”.
CÉLIO HEITOR GUIMARÃES com certeza lembra Baby Pignatari, playboy e conquistador paulista. Vivia montado em motos Harley e Cadillacs, no Brasil e na Europa, sempre com mulheres lindas e famosas. Em Paris, quando bateu o Cadillac contra um muro, não se apertou: mandou vir de casa, na hora, um outro Cadillac. Baby morreu falido, mas se divertiu.