a partir deste vocativo
invoco a musa dos fedores
e assim torno imperativo
o tema que agora abordo
senhoras e senhores, é uma merda
o grande cagalhão que como um bólido
nos enfiam pela boca aberta
deixando uma sensação fétida
tanto na calcinha como na cueca
senhoras e senhores,
isso não é uma metáfora
e muito menos uma metonímia
destilando magia de mandrágora
ou um poeta lambuzando a pílula
não, senhoras e senhores,
não é a merda de Salvador Dali
que nos faz rir a gases despregados
e nem mesmo aquela do Leminski daqui
comparando a amada em versos apaixonados
não, senhoras e senhores,
a merda a que me refiro
não é essa merda que dignifica
engrandece o espírito
e sólido o caráter nos edifica
não, senhoras e senhores,
também não é a merda da corrupção,
do tráfico, da violência, da prostituição,
da grana entupindo cu de políticos,
da miséria exposta como ornamento da nação
não, senhoras e senhores,
a merda, a grande merda de que estou falando
é que o povo brasileiro em sua grande maioria
tanto na prática como na teoria,
ao ver merda, merda, merda e mais merda
está cagando e andando, puta merda!