Capital de estadista

O bolsonarismo teme que ao retardar seu retorno ao Brasil Jair Bolsonaro comprometa seu “capital de estadista”. Perdoai-os, Senhor, eles não têm a mais esquálida noção do que é um estadista. Não custa explicar, embora eles dificilmente aprendam, aquele lance de dissonância cognitiva. Há estadistas de todos os tipos e tamanhos; é o povo quem os escolhe, tolera ou aguenta.

Idi Amin Dada, o ditador de Uganda, era considerado estadista, tanto que, depois de derrubado, foi acolhido pela Arábia Saudita, que lhe garantiu casa, comida e proteção contra o Tribunal de Haia até o dia de sua morte. Amin preservou seu “capital de estadista” – na geladeira, onde armazenava partes dos corpos dos adversários, que depois comia.

Bolsonaro só não foi um Idi Amin por falta de ditadura. Por isso não chegou a comer carne humana. Mas incrementou seu “capital de estadista” com os milhares de mortos pelo covid e pelas centenas de yanomamis a quem condenou à morte por inanição. A fora a questão de estadista, o verdadeiro capital de Bolsonaro começa a minguar sem rachadinhas e cartão corporativo.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
Esta entrada foi publicada em Rogério Distéfano - O Insulto Diário. Adicione o link permanente aos seus favoritos.
Compartilhe Facebook Twitter

Deixe um comentário

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.