Os cartuns sem legendas ou sem texto foram chamados, durante muito tempo, pela imprensa brasileira, de “piada muda”. Eram comumente publicados, também, com a legenda “sem palavras”. A idéia de que o cartum sem legenda (que teve seu apogeu nas páginas da revistas francesa Paris Match nos anos 50) teria mais qualidades do que o cartum com diálogos ou texto, levou um dos maiores cartunistas do Brasil, o mineiro Borjalo, a criar um boneco sem boca para ilustrar todos os seus cartuns (Revista Manchete, década de 50). Na composição do cartum podem ser inseridos elementos da História em Quadrinhos, como os balões, subtítulos, onomatopéias, e até mesmo a divisão das cenas em quadrinhos.
A narrativa do cartum pode constar de uma cena apenas ou de uma seqüência de cenas. No primeiro caso, o riso deve ser alcançado pela idéia contida no desenho de um simples momento; no segundo, em geral, a narrativa conduz para um desfecho engraçado. O termo cartum origina-se do inglês cartoon — cartão, pequeno projeto em escala, desenhado em cartão para ser reproduzido depois em mural ou tapeçaria. A expressão, com o sentido que tem hoje, nasceu em 1841 nas páginas da revista inglesa Punch, a mais antiga revista de humor do mundo. O Príncipe Albert encomendara a seus artistas uma série de cartoons para os no vos murais do Palácio de Westminster; os projetos dos artistas reais, expostos, foram alvo da crítica e da mordacidade do povo inglês e a revista Punch resolveu publicar seus próprios cartuns, parodiando a iniciativa da Corte.
Em quase todas as línguas do mundo, a palavra cartoon, com esse sentido, não tem equivalente: franceses, alemães, italianos, todos chamam cartoon de cartoon, mantendo inclusive a grafia original inglesa. No Brasil, foi na revista Pererê, de Ziraldo, edição de fevereiro de 1964, que se lançou o neologismo cartum. A charge e a tira cômica podem ser consideradas subdivisões do cartum.
(Dicionário de Comunicação|Editora Codecri|1978)