Foi por pouco

Deputado segue preso por obstrução de justiça

Foi por pouco que a Câmara manteve a prisão do deputado Chiquinho Brazão (União Brasil-RJ), acusado de ser mandante do assassinato de Marielle Franco e do motorista, Anderson Gomes. Votaram a favor da detenção 277 deputados. Houve 20 abstenções e 129 parlamentares foram contra.

O resultado só aconteceu porque a votação era aberta e nominal, ou seja, os deputados tinham de se identificar. O medo do desgaste de liberar um colega acusado de participar de um crime hediondo, num ano de eleição municipal, prevaleceu.

Mais cedo, na Comissão de Constituição e Justiça, o placar também foi apertado. O colegiado manteve a prisão por 39 votos a favor e 25. O resultado reflete a força do corporativismo dos deputados em conflito com o Supremo Tribunal Federal.

Houve pressão de parlamentares bolsonaristas e do Centrão pela liberdade do deputado, que foi detido após decisão do Supremo Tribunal Federal. O argumento era o de que a prisão preventiva não atendia às exigências legais em caso de detenção de parlamentar: ser em flagrante, crime inafiançável e feito durante o mandato de deputado.

De acordo com o STF, a detenção se deu por atos de obstrução à justiça, os quais, segundo o a Corte, “continuavam a ser praticados ao longo do tempo”.

“Não estamos tratando de um crime de homicídio, mas sim de uma prisão ilegal de um parlamentar”, disse o deputado Roberto Duarte (Republicanos-AC) ao classificar a detenção como “arbitrária”.

O deputado, em uma tentativa de justificar o seu voto, disse que era favorável à cassação de Brazão na Comissão de Ética, mas não da prisão antes disso.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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