Todo mundo viu. Dezenas de homens balançando seus pintos enquanto davam a volta olímpica na quadra do Centro Universitário São Camilo e outra dezena na arquibancada, no que foi descrito como masturbação coletiva, enquanto dois times femininos se enfrentavam. Só pude pensar, “castrem esses marmanjos”.
Pareceu-me uma resposta à altura do comentário do prefeito de Barra do Piraí (RJ), Mário Esteves, sobre a falta de creches na cidade. Para ele, a solução para os problemas de planejamento familiar e de gravidez na adolescência é “castrar as meninas”. Pelo raciocínio, só nos resta fazer o mesmo com os homens para resolver a epidemia de estupro no nosso país, onde um caso é registrado a cada 7 minutos.
Assim como o Solidariedade, que expulsou o prefeito do partido, a Unisa (Universidade Santo Amaro) informou que começou a desligar os alunos identificados nas filmagens que viralizaram nesta segunda (18), apesar de os atos, classificados como importunação sexual, terem ocorrido em abril. Medidas corretivas e indignação nas redes podem saciar a sede coletiva de justiça, mas não resolvem a questão essencial que rege a mentalidade do nosso povo, o machismo.
Ainda impera entre nós o velho ditado “segurem suas cabras que meu bode está solto”. Mulheres são responsabilizadas por tudo: concepção, gestação, criação e muitas vezes pelos estupros que sofrem. Enquanto isso, os homens desfilam seus pintos sem nenhum constrangimento.
É positivo que o governo federal tenha se manifestado, após anos de descaso em temas assim, mas é muito pouco. É preciso retomar com eficiência programas de educação sexual e implementar outros sobre igualdade de gênero. Não adianta falar da importância da camisinha e não orientar sobre equidade entre homens e mulheres.
Século 21 e ainda criamos adultos mal-informados, preconceituosos e misóginos. Isso o uso de camisinha não resolve.