Nasce o lulonazismo

O EX-CHANCELER Celso Amorim, agora emissário internacional de Lula, acusa Israel de genocídio em Gaza. Não diz se o genocídio é pelo que foi feito ou pelo que se pretende fazer. O ex-chanceler está míope ou cego de um olho, pois quando diz que há genocídio de Israel contra palestinos finge ignorar o que levou ao genocídio de que acusa Israel e fecha aos olhos ao ato terrorista que matou e sequestrou israelenses. A frase do ministro está dentro do usual nos conflitos internacionais com mortes massivas: cada lado acusa outro de atrocidades, querendo convencer que as atrocidades foram unilaterais; do outro lado – como diria um genocida brasileiro – tratou-se apenas de uma gripezinha. Um diplomata deveria saber o que conceitualmente é genocídio, a saber, o dizimar populações e extinguir um povo, como o falado genocídio armênio, obra da Turquia (hoje cheia de razões contra Israel).

Acusar Israel de genocídio é costurar a carapuça nazista sobre os israelenses – e por extensão contra os judeus em geral, pois Israel é o porto seguro dos judeus para tantos genocídios que sofreram – e irresponsavelmente a estimular o antissemitismo interno. Neste momento só os que estão comprometidos com pauta política acusam Israel e Hamas de genocídio. Se genocídio houve, ele aconteceu dos dois lados, a começar pelo Hamas, pelo ataque, sequestros e assassinatos de israelenses. Sim, houve retaliação sucessiva de Israel, sem que fosse cumprida a regra invisível e falsamente comutativa que ao que parece esperava-se existir: matar tantos palestinos quanto os israelenses e estrangeiros judeus mortos, seviciados, estuprados e sequestrados. Não existe esse peso, essa dosimetria nos conflitos, que são historicamente regulados pelo poder do mais forte. Então, falar de genocídio de um lado ignorando o outro lado é mais uma das falsificações próprias dos conflitos armados.

Portanto, Celso Amorim requenta o esquerdismo petista, até há pouco camuflado sob a geleia que esconde as alianças de Lula à direita para se eleger e para governar (se é que podemos chamar assim o negaceio trôpego e ébrio de Lula para agir). Mas o esquerdismo petista ainda vende na América Latina, África e no Oriente não alinhado, onde Lula investiu a fundo perdido seu protagonismo e culto à personalidade que ora requenta. Como os EUA e a União Europeia condenam o terrorismo palestino, e o protagonismo de Lula na ONU esboroou-se diante de disputa de cachorros grandes (EUA e Rússia/China), o lulopetismo requenta o esquerdismo de sempre, aquele vindo da esquerda estudantil dos tempos da ditadura militar. Esse lulopetismo de agora segue o padrão dos ternos do Lula pós Janja: surgiu na fatiota de lulonazismo. Se o esquerdismo era a doença infantil do comunismo, esse lulonazismo é a fimose do petismo.

O lulonazismo apresenta-se como um nazismo requentado, pós-moderno, mas envergonhado da impostura, que nega um genocídio para ver outro, – até fraudando o conceito de genocídio. Um genocídio que a intelligentsia lulista poupou-se convenientemente de acusar Bolsonaro, pois que aliou-se a seus expoentes do Centrão. O genocídio de Bolsonaro, que deliberadamente ignora, acusa na autodefesa de Israel. O primeiro zurrar vem de Paris e logo ecoará na voz demagógica de Gleisi Hoffmann, José Dirceu e dos hierarcas petistas de Brasília, que deixam seus feudos nos grotões subdesenvolvidos para cantar em Brasília apenas para sua militância ouvir e aplaudir – uma militância tão ignara e desinformada quanto a dos antípodas bolsonaristas. Talvez a aliança do PCC com o Hezbollah traga luz à mente dos esquerdófilos do PT. Mas o Hezbollah só quer o discurso debiloide dessa gente.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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