Chargistas Versus Charges.


…Sou meio indeciso se charge deve ser meramente humor, galhofa, “janela da descontração” do peso das notícias, ou se devemos colocar nossa opinião e visão de mundo ali, como se fôssemos um “cientista político gráfico” e tal (dessa espécie, o melhor que conheço é o Plantu)…agora, o que não acho, nunca, é que devemos ficar fazendo piadinha de salão, saca?

Tipo, vovô engraçadinho, que solta gases na mesa e todo mundo ri -já esperando mesmo que ele fizesse isso. Tipo clown, tá ligado? Muitas vezes a pessoa descobre que você é chargista e já te olha rindo, esperando um gracejo, um comentário…die, jerk! Eu não sei o que rola -na real, tô sem tempo e com uma dor crônica no ombro, por causa das 8 horas diárias na prancheta- mas parece que temos um sensor que detecta aplausos fáceis e acabamos desenhando só aquilo que o leitor quer ler, dizemos o que eles querem ouvir.

Não devia ser assim, concordam? Ou vocês acham que a charge deve ser mero instrumento de reprodução do discurso do senso comum? Ah, o Lula tá de salto-alto. Bem, vamos lá e reforçamos isso, desenhando o Lula de salto alto.

Não é errado, mas será que não dava pra fazer um pouquinho melhor do que isso? Acho que a charge tem sido muito pouco discutida ultimamente, e o impacto da internet na produção da forma e do conteúdo dela, da formação do chargista, e isso pode ser sintomático de que paramos no tempo. Talvez estejam aí as respostas para a questão que dilacera o orgulho dos desenhistas: por que o jornais não publicam mais charges como antigamente?

Benett

Concordo em gênero, número e grau com Benett. Eu tenho tentado fazer isso, mudar um pouco o discurso, mudando a estrutura da charge, tentado mudanças, enfim. Mas existe um site chamado Charge Online — nada contra o Mariano, muito pelo contrário — que faz com que os chargistas todos, com raras exceções, toquem no mesmo assunto, cada um se achando mais genial que o outro. Virou charge pra ser capa do Charge Online. Por que os jornais não publicam mais charges como antigamente (e olha que o meu “antigamente” é muito mais antigo que o do Benett) ?

Solda

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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