Charlie Hebdo: um professor morre pela liberdade na França

Um professor foi morto nesta sexta-feira na França em um atentado terrorista islâmico. O homem que cometeu o crime foi morto por policiais. A vítima foi decapitada, perto do colégio onde lecionava. O professor de história foi assassinado por mostrar durante a aula os desenhos que satirizam Maomé e fazem críticas ao extremismo religioso, publicados pelo Charlie Hebdo, o semanário francês que teve sua redação metralhada por terroristas islâmicos em janeiro de 2015, com 12 pessoas mortas e cinco feridas gravemente. Na época, os três terroristas foram abatidos pelas forças de segurança.

No atentado ao Charlie Hebdo morreram dois cartunistas mais antigos que fundaram o jornal, Cabu e Wolinski, desenhistas geniais, respeitados no mundo inteiro. Da nova geração foram metralhados e mortos Charb, editor da publicação, e Tignous, que foi um dos grandes cartunistas da atualidade, humorista genial e desenhista habilidosíssimo de cartum. Dois policiais também foram assassinados pelos extremistas religiosos.

Como o atentado foi durante uma reunião de pauta, os terroristas islâmicos acabaram com o corpo editorial do semanário, porém o Charlie Hebdo não se rendeu, nem a França. O jornal é publicado até hoje, mantendo o mesmo espírito satírico de conteúdo crítico muito forte e explícito nas imagens, que é uma das marcas do humor francês, muito próprio de um país que teve uma história com o vigor da França, onde cabeças já rolaram literalmente por causa de filosofia e política e que chegou até a ser ocupado pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial.

Novos desenhistas apareceram no Charlie Hebdo, tem gente nova escrevendo no jornal. É um pessoal de coragem e precisamos de gente assim hoje em dia, senão esses criminosos que usam a religião para fazer da nossa vida aqui na Terra um inferno acabam vencendo. As críticas do Charlie Hebdo prosseguem no mesmo tom, cabendo aqui lembrar que usam com os cristãos a mesma acidez crítica dirigida aos islâmicos.

No mês passado, o jornal publicou uma capa com os cartuns que causaram o ódio dos terroristas islâmicos. A capa traz doze dos desenhos que se tornaram históricos na luta contra o obscurantismo religioso, tendo com destaque um ótimo cartum de Cabu. Veja todo este material na imagem.

Ainda tem pouca informação sobre o ataque terrorista contra o professor de história, que por sinal ocorre duas semanas depois de duas pessoas terem sido esfaqueadas e feridas gravemente perto da antiga redação do Charlie Hebdo. Nesses dias também estão sendo julgadas 14 pessoas que forneceram armas aos terroristas que cometeram os ataques ao jornal e em um supermercado kosher dois dias depois.

O presidente da França, Emmanuel Macron, em visita ao local do crime, definiu com perfeição o atentado de hoje. “Um de nossos compatriotas foi assassinado hoje porque ele ensinava seus alunos sobre liberdade de expressão, liberdade de crer ou de não crer”, ele disse.

A França reage aos criminosos a serviço do que há de pior numa religião e também age politicamente e culturalmente para afastar a ameaça do extremismo e a intromissão dos islâmicos na vida francesa. As mulheres vêm sendo uma força essencial nesta mobilização que é bastante forte hoje em dia, mesmo porque são as mulheres que mais sofrem quando o islamismo adquire poder sobre uma sociedade.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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