“DOS FLUIDOS CORPORAIS o único que refiro é a lágrima”. A frase me embala há décadas, ouvida de uma doce e bela mulher, culta e elegante. Não cheguei a fazer da frase um mantra, como vez ou outra ouço da autora. Adotei a frase como axioma contra a linguagem gráfica. Por isso poupo-me de referir os demais fluidos corporais. Todos sabem. São como os sentidos: podem ser sentidos pelos sentidos.
Acontece que vivemos o anus horribilis da pandemia. E este requer medidas extremas, cuidados pessoais e o altruísmo a que não somos, os brasileiros, preparados pela vocação humana e pela educação cívica. Por exemplo, a escassez geral, que só não levou à calamidade porque a maioria das pessoas não segue o celerado que nos governo e se lança, como zumbis de cinema, sobre os estoques de comida nos mercados.
Água também, como já acontece no Paraná, que pena longa estiagem. A Sanepar vem dosando o fornecimento em Curitiba. Como aconteceu no edifício onde, em determinado dia, o síndico fechou os registros. Isso tudo é normal, previsível. Até mesmo o protesto lavrado pelo morador contra o síndico, que transcrevo com os cuidados da máscara de proteção e do álcool-gel, que recomendo ao leitor.
“Discordo de fechar o registro [de água] no horário mais quente do ano, das duas às seis da tarde. É o horário do banho de crianças e idosos. As fezes e a urina dos moradores ficarão retidas nos vasos sanitários por quatro horas, uma situação inadmissível.”
Pergunto ao leitor como enfrentou o aperto, ele idoso e com netos em casa, portanto dentro do grupo de risco do congestionamento dos vasos sanitários. Um lorde por direito de nascença e educação, imune à fornalha das tardes de outono, responde-me como a dama que emoldura estas linhas: chorei.