Eu sei que esquerdista tem problema com memória de longo prazo — esquecem os crimes de Stalin, pensam que a luta armada era pela democracia, acham que Che Guevara tinha ternura, essas coisas. Mas encrenca com o irmão do Ciro Gomes é memória recente. O atual senador eleito pelo Ceará foi ministro da Educação no segundo governo de Dilma Roussef, interrompido no meio pelo impeachment. Dilma tinha aquele slogan esquisito de “Pátria educadora”, que ela tornou ainda mais bizarro nomeando Cid para o ministérioque teria o papel de educar a mãe gentil. Logo quem foram colocar no papel de educador.
Bons modos não é com ele. Do mesmo modo que seu irmão Ciro Gomes, Cid diz umas coisas que às vezes ate dá para concordar. O problema é a hora e o lugar que ele escolhe para dizer algumas verdades. Dilma já estava com a oposição em seus calcanhares. Os ouvidos dela zuniam com panelaços pelo país afora. Foi quando Cid disse numa cerimônia oficial que “a Câmara tem 300 a 400 achacadores” e de imediato recebeu uma convocação oficial para explicar-se perante os deputados. Até a base aliada de Dilma votou a favor. Todo mundo queria a explicação. Ele teve que ir e fez a situação piorar para o governo petista, agravando a crise com o Congresso. Da tribuna, deu de dedo no presidente da Câmara, que era Eduardo Cunha, reafirmou o que havia dito e ainda falou mais algumas coisas. E evidentemente acelerou o processo de impeachment. Isso foi em março de 2015, quando Cid teve que pedir demissão. O boquirroto ficou menos de três meses no cargo.
Este é o cara estourado que resolveram colocar para discursar em evento da campanha do PT, com Haddad já repleto de problemas numa candidatura que vem dando chabu. O PT devia estar satisfeito do Ciro Gomes estar longe no estrangeiro, mas aí alguém teve a ideia de chamar o irmão dele para dar uma força pra campanha. Pode ter outra explicação para o deslize, mas é tão grande a besteira que não se pode descartar a presença de agente bolsonarista infiltrado.