Quem ficou com um grande pepino depois dessa votação da reforma da Previdência foi Ciro Gomes. O PDT fechou questão contra a reforma, mas oito deputados do partido votaram a favor da proposta, inclusive a revelação nacional da bancada, a deputada Tabata Amaral. O partido tem 27 deputados.
O problema de Ciro é ainda mais grave porque ele vem conduzindo este debate partidário bem a seu modo, sem respeito às opiniões contrárias. Também o presidente do PDT, o notório Carlos Lupi, tentou atropelar as vozes divergentes, afirmando que “quem quiser o lado dos banqueiros, que vá para o lado de lá”. Bem, ele só pode estar falando com certo atraso da proposta de Paulo Guedes, do sistema de capitalização, que não entrou no projeto votado pela Câmara. Os brucutus pedetistas trataram os próprios colegas de partido como políticos que trocam o voto pela verba de emendas do governo.
O debate sobre esta questão deveria ter sido encaminhado nos processos internos de discussão partidária, se é que o PDT tem isso, mas o encaminhamento que se impôs foi no estilão de Ciro Gomes, com ameaça de expulsão e achincalhamento público de quem propunha o voto favorável. Claro que isso dificulta bastante a negociação agora com os dissidentes para encontrar uma solução de consenso, sem o desgaste da ruptura.
Imaginem o clima para a convivência partidária depois das ameaças públicas de expulsão, além de que mais pra frente Ciro vai com certeza pegar o microfone e voltar a xingar companheiros que divergirem dele em outros assuntos. A decisão mais sensata para Tabata Amaral é sair logo desse partido ou vai prejudicar sua carreira, iluminada espontaneamente pela atenção da opinião pública.
Ainda na metade do ano, Ciro Gomes já foi reprovado ao enfrentar uma situação na qual um candidato derrotado à Presidência da República tem a obrigação de se sair bem. Ele mostrou que é incapaz de organizar politicamente, administrar e definir rumos até de um partido pequeno.