O deputado Luciano Zucco já se referiu a Lula como ex-presidiário e comparou a ocupação de terras pelo MST ao terrorismo. Ricardo Salles disse que gestões petistas são lenientes com invasões. Kim Kataguiri sentenciou, aos 100 dias de mandato, que o atual governo é desastroso.
Presidente, relator e vice-presidente terão palco livre na CPI que foi instalada para investigar a atuação do MST, mas tem o governo como alvo principal. A comissão dificilmente conseguirá fôlego suficiente para atrapalhar Lula, mas deve manter os oposicionistas agitados e exigir uma dose extra de mobilização política do Planalto.
A ideia de rivais do petista é usar a CPI para propor o endurecimento de leis contra a invasão de terras (incluindo áreas improdutivas), mas também traçar ligações do governo com os sem-terra. Considerando que Lula e seus auxiliares já emprestam apoio público ao movimento, a existência da investigação só se explica pelo desejo de fustigar o petista.
Os riscos para o Planalto são os atalhos que a oposição pode buscar para fazer estragos. Um desses caminhos seria uma pouco justificável aprovação em massa de quebras de sigilo de dirigentes do MST e de políticos ligados ao PT.
Se algo do tipo ocorrer, o governo terá que brigar no STF, uma vez que a composição da CPI dá ao governo pouca margem para conter no voto os planos da oposição. Críticos de Lula são maioria na comissão, cujas vagas foram distribuídas como uma espécie de presente aos bolsonaristas que integram cada partido.
Mesmo a União Brasil, com três ministérios no governo, adotou esse método. Além de Kataguiri, o partido tem na CPI um deputado que ligou Lula ao crime organizado e outro que pediu a queda do presidente no primeiro dia de legislatura.
A escolha dos nomes foi vista pelo Planalto como um recado, mas o governo preferiu poupar energias na relação com a legenda. Auxiliares de Lula querem guardar capital para evitar derrotas em arenas mais sensíveis, como a CPI do 8 de janeiro.