Alexsandro de Souza nascido em Curitiba e criado em Colombo, de mãe cozinheira e pai pintor de paredes, é um orgulho para o Paraná e o Brasil não apenas como jogador de futebol, craque de bola, mas como pessoa, bom caráter, consciente, bom marido, bom pai, bom amigo.
Quando chegou ao Coritiba, aos nove anos de idade, era mirradinho e nem idade tinha para compor o time infantil do Alto da Glória. Foi levado por Alzemiro Bueno, o prof. Miro, para a Associação Atlética Banco do Brasil, onde conheceu o futsal. E já naquele tempo, enquanto a maioria dos garotos chutava de canela, Alex arredondava a bola, matava no peito, saía driblando e na hora de chutar nem olhava para a bola, só para o gol – como lembra o treinador Luciano Melo.
Aliás, durante toda a carreira, no Coritiba, no Palmeiras, no Cruzeiro e depois no Fenerbahçe, da Turquia, Alex desfilou em campo com talento, inteligência e extraordinária intimidade com a bola. Tratava a redonda com carinho e ela lhe retribuía com lances espetaculares e gols antológicos. Ambos se completavam. Foi um dos melhores meias armadores do mundo, reconhecido até pelos adversários. E pelos gênios dos gramados, como Zico, para quem Alex “era dono de uma capacidade sobrenatural de enxergar o jogo. Inteligente e técnico, conseguia observar tudo o que estava acontecendo na partida e tocava a bola com incrível facilidade”.
Outro que não escondeu a sua admiração por Alex foi Casagrande, ídolo maior do Corinthians, hoje comentarista da TV Globo: “Ele desequilibra, lança, bate falta, se coloca bem e, apesar de baixo (tem 1,76 de altura), faz gols de cabeça. Sabe dar fantasia e espetáculo”.
Para o mestre Armando Nogueira, Alex não precisava procurar a bola: “a bola é que tenta estar sempre no lugar em que ele quer que esteja. Se ele se omite, é pro bem da bola e da equipe”.
A carreira, porém, nem sempre foi um mar de rosas para Alex, muitos foram os obstáculos, as incompreensões, mas ele soube superá-los com categoria e coragem. Primeiro, com a ajuda de sua companheira de vida, a esposa Daiane; depois com o apoio e o incentivo dos filhos Maria Eduarda, Antônia e Felipe.
Do Palmeiras, Alex foi para o Parma, da Parmalat, na Itália, que patrocinava a equipe paulista. Foi uma relação tumultuada, esquisita, cheia de mistério e malandragem da empresa/equipe italiana. Isso fez com que ele voltasse para o Brasil, para uma rápida e decepcionante passagem pelo Flamengo. Também a sua presença na seleção brasileira foi cheia de altos e baixos, com muita falsidade por parte dos dirigentes e treinadores. Melhor esquecer.
A primeira participação no Cruzeiro foi, igualmente, turbulenta, em razão da pendência judicial com o Parma. Voltou para o Palmeiras. Depois, ao Parma. E novamente ao Cruzeiro, onde o reinício também não foi nada fácil. Ouviu de torcedores que estava ali para enganar de novo. Calou a boca de todos. Em 2003, a Raposa foi campeã brasileira, com 31 partidas ganhas e aproveitamento de 72,5%. E Alex poderia bem ter sido eleito o melhor jogador do mundo. Não foi, por injustiça aos sul-americanos. Mas conquistou a “Bola de Ouro” como melhor jogador do campeonato, e a “Bola de Prata” por ter sido o melhor meia da competição.
Aos 27 anos, Alex fechou contrato por três anos com o Fenerbahçe e transferiu-se para a Turquia, onde foi rei, mais popular que o primeiro-ministro do país. Permaneceu no país turco até 2013, e conheceu a melhor (e a mais apaixonada) torcida do mundo. Ganhou até estátua de bronze em praça pública, próxima ao estádio, bancada pelos torcedores. O Fenerbahçe queria contratá-lo até o final de sua carreira. Mas ele tinha planos de despedir-se do futebol no seu time do coração, o Coxa.
A despedida do Fenerbahçe foi também tempestuosa. A diretoria do time concordou com a saída, mas a torcida não. Um empresário comprou uma página no jornal e escreveu a seguinte mensagem: “É, Alex, você realmente tem que ir. Você merece ir embora porque foi muito profissional, passou um conceito familiar diferente, trabalhou sério, jogou um futebol acima das nossas expectativas e carregou esse time durante muito tempo nas costas. Você tem mesmo que ir. O povo turco não merece um cara com tanto sucesso aqui”.
Durante nove anos em Istambul, Alex fez 378 jogos pelo time turco, marcou 185 gols e deu 162 assistências.
Em 2012, assinou seu derradeiro contrato com o Coritiba. Ficou no time do Alto da Gloria até o jogo final, em 2014. Antes disso, fora um dos criadores do Bom Senso Futebol Clube, com o propósito de moralizar o futebol brasileiro e valorizar os atletas.
Depois disso, durante algum tempo, Alex foi comentarista de TV, contratado pela ESPN Brasil. Depois iniciou a carreira de treinador. Atualmente, dirige a equipe sub-20, do São Paulo Futebol Clube. E, certamente, tem ainda um belo futuro pela frente. Opinião sincera de um atleticano.