Radicalmente neutro

Insulto avisa seus navegantes que não toma partido na guerra Rússia-Ucrânia. Não é apenas por ideologia, ou melhor, é por ideologia, pois a recusa à ideologia representa ideologia. Embora saiba das causas próximas e remotas do conflito, prefere ficar distante, no doce deleite da alienação, assumida e radicalmente alienado. A alternativa é a mesmice do que se vê por aí, todo mundo dando pitaco, um pior que o outro, aquele achismo de dar pena.

O blogue fecha com dois de seus influencers, os Ratinhos, pai e filho. O pai, homem de visão, que conhece a criminalidade desde seu tempo de repórter, quando era pobre de marré; Ratinho pai diz para a gente esquecer o assunto, não tomar conhecimento, cuidar de coisas sérias. Em suma, ficar neutro, até mais que o presidente Bolsonaro, o maior influencer do Brasil – e dos Ratinhos, pai e filho. Neutralidade, a palavra mágica, na vida e na política. Sim, radicalmente neutro, tipo sabonete Phebo.

Os Ratinhos conhecem e praticam a neutralidade, mestres consagrados no esforço de permanecer rigorosamente alheios às disputas, sem apoiar qualquer dos contendores. Afinal, se os dois que disputam tiverem razão seria injusto tomar partido. Que melhor exemplo que o de serem amigos de igual afeto tanto de Lula quanto de Jair Bolsonaro? Ratinho filho, ou júnior, nosso governador, é tão neutro que quando a coisa aperta no Paraná ele a neutraliza nos EUA. Sem perder a neutralidade jamais.

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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