Crusoé: Flávio Bolsonaro, o polvo

Depois de tirar a carteira da OAB, filho 01 do presidente se associa a notórios lobistas e age para influir nos tribunais e em áreas sensíveis do governo

Flávio Bolsonaro não é mais aquele parlamentar descuidado que investia dinheiro da rachadinha em imóveis e lojas de chocolate. Reportagem de capa da Crusoé revela que, eleito senador e com o status de filho do presidente da República, ele mudou de estratégia. “Agora ele evita deixar as digitais nos movimentos que faz nas sombras do poder.”

Dono de uma carteira da OAB, “opera interesses diversos em parceria com outros advogados e com notórios lobistas escolados no submundo de Brasília – alguns já foram até para a cadeia”.

Um dos bunkers utilizados pelo senador é uma casa de 1,5 mil metros quadrados no Lago Sul, alugada há dois meses por dois antigos parceiros dele: o advogado Alan Belaciano e o empresário Cristiano Stockler.

“Até se mudar para Brasília no rastro de Flávio, a dupla não tinha grande atuação na capital federal. Especializado em direito desportivo e trabalhista, Alan Belaciano costumava despachar em processos que corriam majoritariamente no Superior Tribunal de Justiça Desportiva e na Justiça do Trabalho do Rio, onde defende interesses de jogadores de futebol. Já Stockler é dono de várias corretoras de seguros. Ambos já tiveram problemas com a polícia. Em 2005, Belaciano chegou a ser detido por se apresentar falsamente como juiz. Stockler, por sua vez, foi preso mais recentemente, no final de 2020, sob a acusação de integrar o famoso ‘QG da propina’ do então prefeito do Rio, Marcelo Crivella. Segundo a Promotoria, ele operava esquemas na área de saúde.”

Segundo a revista, a casa recém-alugada virou um atalho importante para a Esplanada dos Ministérios e para o Palácio do Planalto.

“Com a chegada dos novos inquilinos, ela passou a ser visitada por interessados em resolver pendências no governo e por candidatos a cargos importantes que buscam a simpatia e o apoio do filho do presidente– sim, como o leitor verá a seguir, “doutor Flávio” e seus parceiros têm aproveitado o poder transitório de Jair Bolsonaro para garantir influência duradoura em órgãos estratégicos, incluindo os tribunais superiores. Até nomeações para as mais altas cortes brasilienses têm passado pelo crivo da turma de Flávio antes da canetada final de Bolsonaro.” 

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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