No debate entre seus cinco pré-candidatos, um tema causou perplexidade até na sauna do Country Club: o fechamento das fronteiras de Curitiba para os migrantes. Essa gente sem eira nem beira que tem o hábito de afanar relógios de grife nas esquinas do
Batel. O tema é polêmico. No entanto, o PMDB lançou uma questão que, cedo ou tarde, viria à tona nesta antiga Cidade sem portas, aquela Curitiba cantada em verso e prosa por Adherbal Fortes e Paulo Vítola no século passado, ao surgir do Teatro Paiol.Mais que controvertida, a questão de barreiras para o acesso de migrantes à capital não ficou bem esclarecida pelos pré-candidatos do PMDB. Num esforço de reportagem, entrevistamos um dos aspirantes ao cargo de prefeito para nos esclarecer a postura do partido quanto à construção de muralhas na periferia de Curitiba. Por motivos óbvios, o candidato preferiu não se identificar.
Pergunta – A cidade está mesmo precisando de muros para estancar o avanço das migrações?
Candidato – Sem dúvida. Nas grandes cidades, a percepção das dificuldades apresenta tendências no sentido de transformar a manutenção dos relacionamentos verticais entre as hierarquias sociais.
Pergunta – Esta clausura urbana não pode causar mais revoltas sociais?
Candidato – É preciso enfatizar o peso destes problemas concernentes aos antagonismos sociais e urbanos. Não obstante, o diálogo entre os diferentes setores da sociedade evidencia a necessidade de revolucionar as alternativas.
Pergunta – Como é possível um partido que se diz de esquerda, e de origem popular, pregar um planejamento urbano que retorna à
Idade Média?Candidato – O novo modelo de estrutura urbana preconizado prepara-nos para enfrentar situações típicas de segmentos reacionários. O cuidado em identificar pontos críticos na consolidação dessa nova revolução urbana vai demonstrar mudanças das direções preferenciais no sentido do progresso.
Pergunta – O governador Roberto Requião já tomou conhecimento deste fosso urbano, provocado pelo estorvo de novos migrantes?
Candidato – Ainda não, mas podemos vislumbrar que a mobilidade das bases pode garantir a contribuição de segmentos importante nas futuras determinações partidárias. Neste sentido, a revolução do traçado urbano viria a ressaltar a relatividade do impacto na agilidade decisória do governador.
Pergunta – Na próxima segunda-feira, dia 26, está programado um novo debate entre os pré-candidatos do PMDB. O fechamento das fronteiras de Curitiba será novamente discutido?
Candidato – Com certeza, o modelo de ocupação racional do tecido fundiário participativo será abordado. Assim como serão discutidos os assentamentos físicos estruturais e seus prognósticos periféricos estruturais.