Da mnemônica à amnésia.

Sim, doutor. Sou ótimo em associações. Basta eu me concentrar e imediatamente tudo me vem à lambança.

Ah, eu adorava as estampas eucaliptol. A valsa Vesúvio Azul me marcou muito naquele filme do Kubistchek. Nycron? Ora, doutor, é uma medida que só se vê no microscópio!

Pergunte mais, tô afiado hoje. Hum, balalaica foi a primeira cachorra que mandaram pro espaço, e o primeiro satélite se chamava, tenho certeza, Beatnik. A marca mais famosa de eletrola era, deixa ver… a RCA Victor Mature. Mas, engraçada mesmo, era a dupla o Visigodo e o Mago!

Calma, doutor, essa já sei: Dulcora eram umas balinhas servidas no Dops! Parker 51 foi o presidente americano depois do Truman! E o sobrenome das irmãs Dione era, claro!, Warwick. O padre comunista? Fácil: foi o Dom Hélder Jofre. E a Maria Esther Bueno foi a miss que perdeu o título mundial por duas polegadas!

Na TV Tupã, a série que eu mais gostava era os Patrulheiros de Bengala, que passava junto com Os Lanceiros Toddy. Um dos patrocinadores, lembrei agora, era o Licor de Cacau Xavier Cugat. O companheiro do Vigilante Rodoviário era o Rin Tin Tin! Pensou que eu ia dizer Lassie, hein? E se o senhor quer saber o símbolo dos cobertores Parahyba, lhe digo: um indiozinho com antenas!

Em Porto Alegre, o único time que enfrentava o Inter e o Grêmio era o Força e Luz Del Fuego, que tinha uma jibóia como mascote. Brim Curinga: um baralho que durava muito mais. Parquetina, um rinque de patinação na Redenção. Quem bebe Gillette, repete.

Está vendo, doutor? Eu me concentro e tudo reaparece, numa palidez espantosa. Peraí, peraí. Recuerdos de Ipacaray começava assim: numa boite dúbia nos desencontramos…

Fraga

Sobre Solda

Luiz Antonio Solda, Itararé (SP), 1952. Cartunista, poeta, publicitário reformado, fundador da Academia Paranaense de Letraset, nefelibata, taquifágico, soníloquo e taxidermista nas horas de folga. Há mais de 50 anos tenta viver em Curitiba. É autor do pleonasmo "Se não for divertido não tem graça". Contato: luizsolda@uol.com.br
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